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Pessoas que tiveram AVC têm mais risco de sofrer infarto do miocárdio

Além do infarto, AVC aumenta risco de outras doenças cardiovasculares, que segundo a OMS, são as que atualmente mais matam no mundo

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 set 2021, 20h00 - Publicado em 30 set 2021, 12h15

Indivíduos que sofreram acidente vascular cerebral (AVC) apresentam maior risco de infarto. Um estudo recente da Faculdade de Medicina da Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) feito com 120 pacientes e publicado na revista Cardiology and Cardiovascular Medicine mostra que existe relação entre o histórico de AVC isquêmico (quando o fluxo sanguíneo no cérebro é obstruído em razão de coágulo) e o risco de outras doenças vasculares, incluindo infarto do miocárdio e novas ocorrências de AVC, duas doenças que estão entre as principais causas de morte no Brasil.

 No Hospital das Clínicas da FM-USP, os cientistas analisaram um padrão chamado “escore de cálcio”- indicador de risco de depósito de gordura nas artérias do coração calculado por meio da análise de imagens obtidas por meio de tomografia – em 80 pacientes que tiveram AVC isquêmico e em 40 voluntários sem registro da doença. “Dentre os pacientes que tiveram AVC, 85% apresentaram um escore de cálcio acima de zero, contra 57,5% dos indivíduos sem AVC”, disse Ana Luíza Vieira de Araújo, autora do estudo, realizado durante seu doutorado na FM-USP.

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Pacientes com um escore maior que zero correm mais risco de ter artérias comprometidas, mesmo que a pessoa não apresente nenhum sintoma. “Pacientes com AVC e placas de aterosclerose em artérias cervicais e intracranianas tiveram os escores de cálcio mais altos que os demais participantes da pesquisa. Isso não quer dizer que essas pessoas terão necessariamente um infarto ou outro AVC, mas o fato de terem esse resultado mesmo já fazendo tratamento para evitar o problema acende um alerta”, disse a pesquisadora sobre a pesquisa que integra um projeto financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e coordenado por Adriana Bastos Conforto, livre-docente e orientadora de pós-graduação da FM-USP e coorientado por Márcio Sommer Bittencourt, médico do Hospital Universitário (HU) da USP.

Segundo Adriana, atualmente, os pacientes que sofreram um AVC têm indicação de medicamentos controlados para fatores de risco de aterosclerose, como hipertensão arterial e diabetes, que deveriam prevenir a doença coronária. “Mesmo assim, eles manifestaram um escore de cálcio que sugere uma maior propensão a um novo AVC ou a um infarto”, explica. Componente natural do sangue, o cálcio circula pelas veias e artérias do corpo, mas pode se acumular em placas de aterosclerose e causar enrijecimento das artérias, favorecendo sua obstrução por coágulos (trombose). Nesses casos, o fluxo de sangue é reduzido para órgãos como o coração, podendo levando ao infarto do miocárdio, ou o cérebro, ocasionando o AVC isquêmico.

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O estudo alerta para a necessidade de um acompanhamento constante e mais atento desses pacientes com risco aumentado de sofrer um novo AVC ou um infarto. “Pacientes que tiveram AVC muitas vezes apresentam sequelas cognitivas e têm dificuldade de aderir ao tratamento. Os resultados sugerem que eles precisariam ser acompanhados mais de perto, por exemplo, pelos profissionais do Programa de Saúde da Família do SUS [Sistema Único de Saúde]. Essa e outras estratégias poderiam evitar que morressem de problemas cardíacos, mesmo tendo sobrevivido ao AVC”, alerta Conforto.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares são a maior causa de morte no mundo, Entre os casos de AVC, 85% são isquêmicos, sendo 25% causados por aterosclerose. O restante é do tipo hemorrágico, quando o vaso se rompe. Em países desenvolvidos, programas baseados na adesão ao tratamento e na melhoria do estilo de vida obtiveram redução expressiva no número de mortes. “No Brasil, esse é um problema de saúde pública sério e precisa ter uma atenção diferenciada”, afirma a cientista.

Com Agência Fapesp

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