Pesquisadores conseguem transformar gordura “ruim” em “boa”
Estudo mostrou que inibir a ação de determinada enzima faz com que células deixem de acumular gordura e passem a transformá-la em calor
Pesquisadores americanos encontraram uma maneira de transformar gordura branca, considerada “ruim” porque acumula energia no corpo, em gordura marrom, aquela que leva o organismo a um gasto calórico mais elevado. Segundo os especialistas, essa descoberta pode ser fundamental no desenvolvimento de tratamentos contra a obesidade. O estudo, feito no Hospital Brigham and Women e na Faculdade de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos, foi publicado nesta segunda-feira na revista Nature Medicine.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Retinaldehyde dehydrogenase 1 regulates a thermogenic program in white adipose tissue
Onde foi divulgada: revista Nature Medicine
Quem fez: Florian Kiefer, Cecile Vernochet, Patrick O’Brien, Steffen Spoerl, Jonathan Brown, Shriram Nallamshetty, Maximilian Zeyda, Thomas Stulnig, David Cohen, Ronald Kahn e Jorge Plutzky
Instituição: Hospital Brigham and Women e Faculdade de Medicina de Harvard, EUA
Resultado: Bloquear a ação da enzima ALDH1A1, abundante em gordura branca, pode fazer com que a gordura “ruim” assuma características de gordura marrom, considerada gordura “boa”, levando a menor ganho de peso e redução da gordura acumulada abdominal
O tecido adiposo de uma pessoa é constituído por dois tipos de gordura: a branca e a marrom – esta última, por liberar energia excedente do corpo, e não acumulá-la, é considerada uma possível aliada contra obesidade e outras doenças relacionadas ao problema. Nesse novo estudo, os pesquisadores, ao manipularem o sistema metabólico do organismo, foram capazes de fazer com que a gordura “ruim” assumisse características de gordura “boa”, que contribui para reduzir o ganho de peso.
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A pesquisa – Para chegar a esses resultados, foram realizadas experiências em humanos e em camundongos. A equipe observou que as células de gordura branca, especialmente as abdominais, apresentam grandes quantidades da enzima ALDH1A1. Quando essa enzima foi inibida em células de gordura branca, elas começaram a agir como células de gordura marrom, que têm a capacidade de liberar energia como calor. Ratos com deficiência ou inibição de Aldh1a1 ficam protegidos contra a exposição ao frio.
Ao terem a ação da enzima inibida, os animais apresentaram menos quantidades de gordura abdominal, maiores redução no ganho de peso e proteção contra exposição ao frio do que os camundongos que não tiveram a ação da enzima bloqueada.
Saiba mais
GORDURA MARROM
O tecido adiposo marrom, também chamado de gordura “boa”, é abundante em recém-nascidos e em crianças até a puberdade. Sua principal função é manter a temperatura do corpo. Ao transformar a gordura corporal em calor, esse tecido libera a energia excedente, em vez de acumulá-la.
A partir dessas descobertas, a equipe concluiu que bloquear a ação da ALDH1A1 pode fazer com que a gordura branca se comporte como marrom. “Tanto a gordura marrom quanto os mecanismos que podem transformar a gordura ‘ruim’ em ‘boa’ vêm recebendo cada vez mais atenção como possíveis maneiras de combater a obesidade e suas complicações à saúde”, diz um dos autores do estudo Jorge Plutzky. “Mesmo que outros trabalhos sobre o assunto ainda sejam necessários, podemos dizer que aspectos do metabolismo relacionados à enzima ALDH1A1 parecem determinar a transformação da gordura branca em marrom”, afirma.
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