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Parasita causador da doença de Chagas inspira nova droga contra aterosclerose

Proteína do protozoário tem a capacidade de evitar a formação de placas de gordura nas artérias e está sendo usada para tratar pacientes com câncer

Por Da Redação
17 out 2011, 17h40

Cientistas do Instituto do Coração (Incor-USP) descobriram um aliado onde menos esperavam: uma proteína do Trypanosoma cruzi – agente causador da doença de Chagas – apresentou, em coelhos, ação protetora contra aterosclerose. Em humanos, a mesma substância demonstrou eficácia no tratamento de feridas ocasionadas por radioterapia. A ideia de isolar e utilizar a proteína nasceu de um dado da observação: pacientes chagásicos não costumam sofrer enfarte. A doença evolui cronicamente com o aumento do volume do coração e pode terminar em insuficiência cardíaca. Mas autópsias revelam vasos sanguíneos em invejável estado, sem resquícios de placas de colesterol.

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DOENÇA DE CHAGAS

Doença infecciosa febril e crônica causada pelo parasita Trypanossoma cruzi e se se adquire por meio do contato direto com as fezes do inseto conhecido como “barbeiro”. Alguns de seus sintomas são febre e infecções cardíaca ou cerebral, podendo ser mortal. Ocorre em todo o continente americano. Segundo a Sociedade Brasileira de Infectologia, há cerca de 12 milhões de pessoas portadoras da doença na América, sendo 1,6 milhão brasileiros.

Trypanosoma cruzi

Parasita causador da doença de Chagas. É um protozoário flagelado que entra no sangue humano a partir do contato com as fezes do “barbeiro”, ou do contato com mucosa do olho ou alimentos contaminados.

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PROTEÍNA TRANSIALIDASE

Proteína presente no Trypanossoma cruzi, ela auxilia o parasita na remoção de ácido siálico nas membranas celulares. Esse ácido ajuda um gênero de bactérias chamado microplasmas a se prender nas paredes internas dos vasos, fato que pode estar associado à piora das condições nos pacientes com colesterol alto.

ÁCIDO SIÁLICO

É uma molécula que está envolvida em diversos processos biológicos, como adesão plaquetária e reconhecimento celular. Além disso, também pode funcionar como um receptor para bactérias e vírus.

O parasita utiliza a transialidase – nome da proteína que despertou o interesse dos cientistas – para roubar ácido siálico da membrana das células humanas. O tripanossoma necessita da substância para viver, mas não é capaz de produzi-la sozinho. No entanto, o ácido siálico da membrana das células humanas também costuma servir como um gancho molecular que bactérias utilizam para se prender à parede interna dos vasos. Os cientistas do Incor descobriram que as placas de colesterol estão muitas vezes associadas a colônias de micoplasmas – um gênero de bactérias – que contribuem para a complicação do quadro.

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O tratamento com a transialidase em coelhos que ingeriram uma dieta rica em colesterol preservou os animais de problemas vasculares e fez os danos às artérias regredirem. Pesquisadores acreditam que a transialidase serviu para desprender as bactérias associadas à formação das placas.

Apesar dos resultados promissores em cardiologia, a substância começou a ser testada em humanos em um contexto diferente. “Descobrimos que ela também evita apoptose (morte) das celulas e atua como anti-inflamatório”, aponta Maria de Lourdes Higuchi, diretora do Laboratório de Inflamação e Infecção do Incor e responsável pela pesquisa. “Decidimos testar em feridas causadas por radioterapia.”

O cardiologista José Antonio Ramires, do Incor, um dos apoiadores do estudo, recorda que não há tratamentos eficazes disponíveis no mercado para tratar lesões que costumam acompanhar as radioterapias.

A oncologista clínica Silvia Graziani, do Instituto do Câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho, concorda. Ela tem testado a solução desenvolvida por Lourdes em pessoas que recebem radioterapia no instituto. “Resultados preliminares mostram que o tempo de cicatrização das feridas cai de um mês a uma ou duas semanas”, aponta. As lesões obrigam muitos pacientes a abandonar o tratamento. A esperança é que o uso do medicamento – inclusive antes do surgimento da ferida – aumente a adesão e o sucesso do tratamento.

(Com Agência Estado)

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