Países desenvolvidos como Estados Unidos, Itália e Reino Unido enfrentam dificuldade para avançar na taxa de vacinação mesmo com uma quantidade abundante de vacinas. Acontece que muitas pessoas nestes locais se recusam a se vacinar, colocando toda a saúde coletiva em risco, já que uma alta taxa de vacinação é fundamental para impedir a transmissão do novo coronavírus e controlar a pandemia. Para incentivar essas pessoas, diversas estratégias foram adotadas, desde a exigência de comprovantes de vacinação para a realização de atividades corriqueiras até sorteios de prêmios e pagamentos.
Nos Estados Unidos, a Casa Branca anunciou recentemente que irá pagar 100 dólares, cerca de 525 reais, para quem procurar um posto de vacinação e iniciar o esquema vacinal. Ainda não existe um estudo que tenha analisado a eficácia de incentivos financeiros especificamente para vacinação, mas, segundo informações da revista Science, estudos feitos na África e na América Latina mostram que pagamentos em dinheiro estimulam o uso de serviços de saúde, incluindo visitas ao pediatra, consultas nutricionais e sessões educacionais. Um estudo, conduzido na Nigéria, por exemplo, concluiu que a realização de pagamentos aumentou em 27% a taxas de vacinação contra o sarampo em crianças.
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Segundo economistas, loterias que oferecem prêmios em dinheiro para quem se vacinar também pode ser uma boa opção. “Certas pessoas apenas subestimam os riscos de uma doença como a Covid-19 para si mesmas ou de disseminá-la para outras pessoas, e também, simultaneamente, seriam superotimistas sobre suas chances de ganhar na loteria”, disse o economista Jeremy West, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, co-autor de um artigo sobre a oferta de uma loteria de vacinas em Ohio, nos Estados Unidos, à Science.
De acordo com o estudo, a loteria em Ohio, que sorteou um prêmio de 5,6 milhões de dólares, atraiu 80.000 pessoas a se vacinarem. Isso equivale a um custo de aproximadamente 68 dólares por pessoa vacinada e uma economia para o governo, em comparação com o pagamento individual.
Por outro lado, especialistas alertam para o risco de abrir um mau precedente, ao oferecer dinheiro em troca da adesão da população a estratégias de saúde pública, como é o caso da vacinação. Ou seja, das pessoas passarem a fazer isso por motivos egoístas – como ganhar dinheiro – em vez de altruístas – como contribuir para a imunidade coletiva. Mas, diante de uma pandemia que abalou o mundo, vale tudo. “No momento, só temos que fazer tudo o que pudermos. Os custos de permitir que as variantes se espalhem são muito altos. Como não testar todas as ferramentas disponíveis para garantir que as pessoas sejam vacinadas?”, disse Amanda Glassman, especialista em saúde pública do Center for Global Development, à Science.
No Brasil, o movimento anti-vacina ainda não é um problema tão grande para o avanço da campanha de imunização. O principal empecilho enfrentado pelas autoridades de saúde são os “sommeliers de vacinas”, ou seja, pessoas que querem escolher qual imunizante tomar, em vez de aceitar qualquer um que esteja disponível. As autoridades de saúde também estão adotando várias medidas para coibir a prática, como não informar previamente qual vacina está disponível em cada posto ou enviar essas pessoas para o fim da fila, caso se recusem a receber algum imunizante.
Atualmente, quatro vacinas estão em uso no Brasil: Oxford-AstraZeneca, Pfizer-BioNTech, Janssen e CoronaVac. A taxa de proteção varia entre elas, mas todas se mostraram seguras e altamente eficazes na prevenção de casos graves e mortes pela doença em rigorosos testes clínicos e em análises de eficiência realizadas após o início de sua aplicação na população. Especialistas em saúde pública, entidades científicas e autoridades de saúde já ressaltaram que, neste momento, a melhor vacina é que chega ao braço das pessoas o mais rápido possível.
Confira o avanço da campanha de vacinação no Brasil: