Paes alerta para o aumento de casos de Covid-19 no Rio
Apesar do cenário, a cidade permanece aberta, o que preocupa especialistas. Prefeito defende o reforço na imunização de idosos
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, alertou nesta sexta-feira, 20, para o aumento de casos de Covid-19 na cidade. Durante apresentação do 33° Boletim Epidemiológico da Covid-19, elaborado pela Secretaria Municipal de Saúde, Paes afirmou ainda que o município vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir doses extras de vacinas para conter o aumento de casos causado pelo avanço da variante Delta.
Segundo o prefeito, essa é uma medida preventiva diante de declarações de autoridades sanitárias que apontam para diminuição de entrega de doses às unidades da federação que tenham atingido determinado percentual de vacinação.
Dados apresentados nesta sexta mostram que a cidade passa por um pico da doença, com o maior nível de casos desde o início do ano. De acordo com Paes, nunca antes a capital registrou tanta gente com a doença como ocorre neste momento e o aumento pode ser percebido pela população.
“Acho que todos que vivemos na cidade do Rio de Janeiro percebemos isso. Pessoas próximas e familiares, amigos, eu pessoalmente, nunca vi tanta gente com Covid no meu entorno, como estou vendo neste momento”, disse, acrescentando que o dado é preocupante por causa do avanço da variante Delta na cidade, considerada o epicentro dessa mutação no país.
O superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, Márcio Garcia, acrescentou que o gráfico de casos confirmados da doença na capital mostra um aumento importante nas últimas semanas. “Há, pelo menos seis semanas, a curva mostra um aumento contínuo de casos. Estamos bastante alertas com essa situação, porém esse aumento não se reflete na curva de óbitos. O quantitativo de óbitos mudou um pouco o formato da curva. A gente vem nas últimas semanas em uma certa estabilidade formando um platô mais baixo do que alguns cenários anteriores que nós tínhamos”, explicou.
Baseado nessas informações epidemiológicas, o mapa da cidade permaneceu com todas regiões em laranja, o que significa alto risco para a doença. O indicador de risco leva em consideração o número de internações, de óbitos composto e a incidência da variante Delta. A análise dos atendimentos na rede de urgência e emergência para casos de síndrome gripal (SG) e síndrome respiratória aguda grave (SRAG) mostra um aumento nas notificações nos últimos dias.
O prefeito afirmou que se o quadro epidemiológico piorar, medidas mais restritivas serão adotadas na cidade. “Vamos monitorar isso com muita calma e muita tranquilidade, e havendo aumento de agravamentos, nós podemos voltar a tomar medidas restritivas. Não estamos tomando nenhuma medida hoje, mas se tiver esse aumento vai ter de aumentar as restrições. Se for necessário, a gente aumenta as restrições, porque nunca antes tivemos no ano de 2021 um número de casos tão grande como neste momento”, alertou.
Predominância da variante Delta
Uma pesquisa por amostragem de vigilância genômica indica que houve uma inversão no quadro da presença das variantes e a Delta, identificada pela primeira vez na Índia, superou a contaminação pela Gamma, originária de Manaus, que até agora vinha sendo predominante. Conforme os dados de julho, o percentual atingiu 53,7% das amostras que foram identificadas e encaminhadas para os laboratórios de referência para a Vigilância Genômica. Já a Gamma ficou em 45,3%.
Terceira dose em idosos
Diante do aumento dos casos e da disseminação da Delta, Paes defende a aplicação da terceira dose da vacina em idosos, em vez de adiantar a administração da segunda dose em pessoas mais jovens. Atualmente, o intervalo entre as doses da vacina da Pfizer e de Oxford no Brasil é de 90 dias. Após a conclusão da aplicação da primeira dose em todos os adultos, o governo federal avalia antecipar a segunda dose do imunizante da Pfizer para 21 dias, conforme consta na bula. Para o da AstraZeneca, segundo o Ministério da Saúde, ainda não existem dados que corroborem maior benefício na antecipação da vacinação.
Porém, o prefeito acredita que investir na terceira dose é uma estratégia mais acertada para o município. “Nós preferimos fazer a terceira dose das pessoas mais velhas do que antecipar a segunda dose dos mais jovens. Essa vai ser a posição da prefeitura. Nós entendemos que nesse momento com o aumento de casos e a variante Delta é muito importante que a gente proteja as pessoas fazendo a terceira dose da vacina”, afirmou o prefeito.
Se a proposta for aprovada pelo Comitê Científico do município, a administração da terceira dose começará na semana que vem, ao mesmo tempo em que serão aplicadas as doses em adolescentes de 15 a 17 anos de idade, conforme o calendário previsto.
Vacinação
O Rio de Janeiro completa nesta sexta-feira a imunização das pessoas com mais de 18 anos de idade com a primeira dose. Isso, segundo Paes, está colaborando para o não agravamento dos casos de Covid-19. Mas o prefeito teme que o aumento da circulação do vírus inverta o cenário.
A maioria dos países com alta taxa de vacinação que enfrentam novos surtos da doença devido à variante Delta não apresentaram aumento expressivo na curva de óbitos, mas não há garantia de que isso não possa ocorrer. Principalmente porque as vacinas apresentam maior proteção contra a variante após a segunda dose e a maioria da população brasileira está apenas parcialmente imunizada.
“Diferente do resto do país, essa variante nova começou pela cidade do Rio de Janeiro, até mais do que no estado, que começa a ter esses números. O que a gente está chamando atenção aqui hoje é que não podemos permitir que esses casos, o maior número desde o início do ano, se agravem e terminem em óbito”, alertou Paes.
Confira o avanço da vacinação no país:
Com Agência Brasil