Origem de novo caso de ebola na Libéria ainda é desconhecida
Acredita-se que o adolescente de 17 anos tenha sido infectado por um novo tipo do vírus a partir do contato com animal – e não transmitido por uma pessoa doente
Ainda não há explicação sobre a origem do primeiro caso de ebola em três meses na Libéria, afirmaram nesta quarta-feira especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo a organização, o caso é isolado da epidemia que fez mais de 4.800 mortes no país.
O novo caso, anunciado em 30 de junho, foi registrado num jovem de 17 anos, que adoeceu em 21 de junho e morreu sete dias depois, em um bairro nos arredores do Aeroporto Internacional Roberts, a sudeste da capital Monróvia. Dois novos doentes ligados a este caso foram identificados e permaneciam internados nesta quarta-feira em um centro de tratamento antiebola.
“A origem da infecção deste grupo de casos está sendo investigada”, afirmou a OMS em seu relatório semanal publicado nesta quarta-feira. Estas investigações devem permitir determinar se o novo caso vem da contaminação por um dos dois países vizinhos ainda afetados pelo ebola, Guiné e Serra Leoa, ou de um foco não identificado na própria Libéria. Estes três países são responsáveis por mais de 99% das vítimas da epidemia na África Ocidental, iniciada em dezembro de 2013 no sul da Guiné que tem, desde então, mais de 11.200 mortes em mais de 27.500 casos.
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A Libéria foi declarada livre do ebola em 9 de maio, 42 dias após – duas vezes a duração máxima da incubação – o enterro da última vítima da doença, em 28 de março. Mas os dois vizinhos ainda lutam contra a epidemia, que voltou a ter uma alta após ter registrado um franco declínio desde o início do ano.
A região de Margibi não faz fronteira nem com Guiné nem Serra Leoa. O jovem de 17 anos não viajou recentemente, não esteve em contato com viajantes de ambos os países, ou participou de funerais de vítimas de ebola, segundo a OMS. De acordo com os especialistas, o rapaz pode ter sido infectado por uma nova variedade de ebola a partir de um animal em vez de um ser humano.
O vírus circula entre morcegos, considerados seu hospedeiro natural, mas que não desenvolvem a doença. Outros animais – macacos, antílopes, porcos-espinhos – também são suscetíveis de carregá-lo e transmiti-lo aos seres humanos. No surto atual, um único caso de contato com animais foi constatado, logo no início da cadeia, na Guiné. Depois disso, o vírus foi transmitido entre humanos. Outra possibilidade sugerida pela OMS é de que focos de ebola continuam existindo sem o conhecimento das autoridades de saúde locais, nacionais ou internacionais na Libéria.
(com agência France-Presse)