A ideia de inserir música no cotidiano do HCor, de São Paulo, surgiu há dez anos, em uma conversa entre a psicóloga Silvia Cury e o paciente Ruslan Gawriljuk – que se recuperava de uma operação na válvula mitral. “Ela fazia entrevistas com os pacientes, para saber o que eles faziam para viver. Eu contei que tocava violino desde a infância: ela perguntou, então, se eu não gostaria de tocar no hospital assim que melhorasse”, lembra Ruslan.
A partir da conversa, ele passou a fazer apresentações frequentes no hospital, sempre acompanhado de flautistas ou pianistas. “Começamos tocando uma vez por mês no salão do hospital: todo mundo vinha nos ouvir”, recorda. “Depois, comecei a tocar no saguão, das 10h ao meio-dia, bem no horário em que as pessoas vão ser internadas”.
Criado em uma família de músicos, Ruslan nasceu na Rússia e se transferiu para o Brasil aos dez anos. Foi bailarino profissional por toda a vida, mas decidiu mudar sua atividade depois da operação, que o afastou da dança. “Já toquei em UTIs, em centros hemodiálise, para crianças. A música faz com que os pacientes esqueçam por um momento os problemas pelos quais estão passando”, diz o violinista.
Os pacientes não são os únicos beneficiários da música de Ruslan. Ele também toca nas ruas, onde vende seus CDs, com gravações de músicas clássicas e versões de trilhas sonoras de filmes, por 10 reais. “As pessoas compram para ouvir no carro e dizem que a minha música cura o stress”, conta. “Eu sinto que a minha função é essa: levar a música para todas as camadas sociais”.
(Natalia Cuminale)