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O segredo dos supercérebros dos idosos geniais

Estudo mostra que neurônios dos "SuperAgers" são maiores e mais saudáveis que pessoas com nível cognitivo médio e de 20 a 30 anos mais jovens

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 out 2022, 18h12 - Publicado em 4 out 2022, 17h46

Um estudo da Northwestern Medicine, publicado no The Journal of Neuroscience, mostrou que os neurônios de uma área do cérebro responsável pela memória (conhecida como córtex entorrinal) de idosos de 80 anos ou mais, considerados geniais, eram significativamente maiores se comparados aos indivíduos com nível cognitivo médio, que já tiveram a doença de Alzheimer, mesmo em estágio inicial, ou até em pessoas de 20 a 30 anos mais jovens.

De acordo com a pesquisa, esses neurônios também não abrigavam emaranhados da proteína tau, marca registrada da doença de Alzheimer. “A observação notável é que esses idosos geniais mostraram neurônios maiores do que seus pares mais jovens, o que pode implicar que essas células grandes estavam presentes desde o nascimento e foram mantidas estruturalmente ao longo de suas vidas”, disse Tamar Gefen, professora assistente de psiquiatria e ciências comportamentais na Escola de Medicina Feinberg, da Universidade Northwestern, e principal autora do estudo.

A pesquisa com esses idosos brilhantes foi o primeiro a evidenciar que esses indivíduos carregam uma assinatura biológica única que compreende neurônios maiores e mais saudáveis ​​no córtex entorrinal, sem emaranhado de tau, que causa a patologia.

O estudo foi feito por meio do Northwestern SuperAging Research Program, que estuda indivíduos únicos conhecidos como “SuperAgers”, pessoas com mais de 80 anos que mostram uma memória excepcional, tão boa quanto a de pessoas 20 a 30 anos mais jovens. “Para entender como e por que as pessoas podem ser resistentes ao desenvolvimento da doença de Alzheimer, é importante investigar de perto os cérebros post-mortem desses ‘SuperAgers’”, explicou Tamar. “O que torna o cérebro dos SuperAgers único? Como podemos aproveitar seus traços biológicos para ajudar outros idosos a evitar a doença de Alzheimer?”, questionou.

Durante o estudo, os cientistas examinaram o córtex entorrinal dos cérebros doados de seis “SuperAgers”, sete idosos médios, seis indivíduos jovens e cinco indivíduos com estágios iniciais da doença de Alzheimer, já que é ele que controla a memória, além de ser um dos primeiros locais afetados ​​pela doença de Alzheimer. A região compreende seis camadas de neurônios empilhados uns sobre os outros. A camada II, em particular, recebe informações de outros centros de memória e é muito específica e crucial ao longo do circuito de memória do cérebro. Os pesquisadores mostraram que os “SuperAgers” abrigam neurônios grandes e mais saudáveis ​​na camada II, além de serem poupados da formação de emaranhados de tau, o que pode ajudar a manter sua integridade estrutural. O inverso também parece ser verdade: os emaranhados de tau podem levar ao encolhimento neuronal.

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Eles observaram também que, por razões ainda desconhecidas, as células do córtex entorrinal são seletivamente vulneráveis ​​à formação de emaranhados de tau durante o envelhecimento normal e nos estágios iniciais da doença de Alzheimer. “Neste estudo, mostramos o encolhimento neuronal nessa região parece ser um marcador característico da doença”, afirmou Tamar. “Suspeitamos que esse processo seja uma função da formação de emaranhados de tau nas células afetadas, levando a memória fraca na velhice. Identificar esse fator contribuinte é crucial para a identificação precoce da doença de Alzheimer, monitorando seu curso e orientando o tratamento”, completou.

Estudos futuros são necessários para entender como e por que a integridade neuronal é preservada nos “SuperAgers”. Nas próximas pesquisas, Tamar pretende se concentrar em sondar o ambiente celular. “Quais são as características químicas, metabólicas ou genéticas dessas células que as tornam resilientes?”, perguntou. Ela também planeja investigar outros centros ao longo do circuito de memória do cérebro para entender melhor a propagação ou a resistência a essas doenças.

“Esperamos que essa pesquisa seja ampliada por meio de uma expansão de US$ 20 milhões da Iniciativa SuperAging, nos EUA e no Canadá”, disse Emily Rogalski, diretora associada do Centro Mesulam de Neurologia Cognitiva e Doença de Alzheimer da Faculdade de Medicina Feinberg, na Universidade Northwestern.

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