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O que se sabe sobre a vacina russa contra Covid-19

O imunizante russo é o primeiro no mundo aprovado para combater o vírus; falta de dados e rapidez levantam suspeita

Por Da redação
Atualizado em 11 ago 2020, 16h10 - Publicado em 11 ago 2020, 15h56

Nesta terça-feira, 11, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou a aprovação da vacina russa Sputinik, desenvolvida pelo país para prevenir a Covid-19. A regulamentação aconteceu em tempo recorde, menos de dois meses após o início dos testes clínicos em humanos, o que levantou suspeita e críticas por parte de autoridades de saúde e da comunidade científica devido a riscos associados à segurança do produto.

Na semana passada da Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que a Rússia não deveria se desviar dos métodos usuais de teste de comprovação da eficácia e segurança de vacinas. Na lista de vacinas mantida pela organização, o imunizante russo está classificado na fase 1 de testes clínicos. A aprovação exige três etapas de testes, sendo a última realizada em milhares de pessoas.

Segundo a vice-primeira-ministra russa, Tatiana Golikova, a vacina, que é “uma das mais promissoras” em teste atualmente no país, será submetida a um ensaio clínico maior neste mês. “Em agosto de 2020, planejamos testá-la sob outras condições, ou seja, depois do registro se planeja outro ensaio clínico com 1,6 mil pessoas. Esperamos o lançamento para produção industrial em setembro de 2020”, disse.

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Nesta terça-feira, Tarik Jasarevic, um porta-voz da organização, disse que a OMS está em contato com as autoridades russas, discutindo os procedimentos de pré-qualificação da vacina, mas enfatizou que para que o país possa obter este selo de aprovação, será necessária uma “revisão rigorosa dos dados de segurança e eficácia” derivados de ensaios clínicos.

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Putin afirma que a vacina passou por todas as etapas exigidas e se mostrou eficaz, oferecendo imunidade duradoura contra o coronavírus. O líder russo acrescentou que uma de suas duas filhas adultas recebeu duas injeções da vacina e está bem. Em comunicado publicado nesta terça-feira, 11, o Ministério da Saúde disse que a vacina oferece até dois anos de imunidade.

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Ausência de dados

Até o momento, a Rússia não publicou nenhum estudo ou dado científico sobre os testes realizados, o que é considerado suspeito e preocupante por especialistas, já que houve um grande esforço do Kremlin para ganhar a corrida mundial por uma vacina. Em abril, Putin instruiu o governo a tomar decisões destinadas a simplificar e encurtar o prazo para os ensaios clínicos e pré-clínicos.

A vacina foi desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, que é o Centro Nacional de Investigação de Epidemiologia e Microbiologia,  junto ao Ministério da Defesa. Ela usa duas cepas de adenovírus geneticamente modificados para fazer com que as células infectadas produzam as proteínas Spike, do novo coronavírus. A abordagem é semelhante à da vacina desenvolvida pela Universidade Oxford.

Em maio, veio a público que a primeira pessoa no mundo a ser vacinada contra o vírus foi um pesquisador russo que se injetou uma dose, antes mesmo da conclusão dos testes em animais. Em meados de junho, o ministério disse que os resultados dos testes realizados em voluntários no hospital militar Burdenko mostram “de forma inequívoca” o desenvolvimento de “uma resposta imune em todos os voluntários, sem efeitos colaterais, complicações ou reações indesejadas”.

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Mas até hoje não houve publicação de evidências científicas. Não se sabe quantas pessoas participaram do teste, qual seria a duração da resposta imune ou o tipo de imunidade que a vacina oferece. A realização dos testes em soldados levantou preocupações sobre o consentimento dos participantes, embora o Ministério da Defesa russo tenha dito que todos os soldados haviam se voluntariado.

Na segunda-feira, 10, Denis Manturov, ministro da Indústria e Comércio da Rússia disse, em entrevista a agência russa Itar-Tass, que no próximo mês três empresas vão começar a produção do imunizante. A previsão é iniciar a campanha de vacinação da população em outubro.

Inicialmente, serão vacinados grupos de risco, o que inclui médicos, professores e pessoas que estão constantemente em contato com grandes grupos de pessoas.

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