Novo tratamento pode ajudar na recuperação de derrames
Droga promove a formação de novos neurônios no cérebro atingido

Um novo composto promoveu a geração de células nervosas nos cérebros de ratos atingidos por derrames. A substância, que imita uma importante proteína cerebral, ajudou os animais a recuperarem suas habilidades motoras. A pesquisa foi publicada nesta terça-feira na revista Stroke.
No estudo, os neurocientistas da Escola de Medicina da Universidade de Stanford só administraram o composto três dias depois do derrame. Isso provou que a droga não limitou o dano causado ao cérebro, mas aumentou sua capacidade de regeneração. “Nenhum agente terapêutico até agora havia melhorado a recuperação de um derrame,” disse a neurologista Marion Buckwalter, coordenadora do estudo.
Até agora, a única droga aprovada para uso contra derrames era o ativador do plasminogênio tecidual, usado para desfazer os coágulos que dão origem ao problema, mas que não ajuda na recuperação das funções cerebrais. Para ter efeito, a droga tem de ser administrada entre meia hora e 4 horas depois do acidente, o que é muito difícil. Normalmente, quando os pacientes chegam ao hospital, já é tarde demais.
Recuperação mais rápida – Buscando outro tratamento, cientistas chegaram a pensar em usar células-tronco para repor o tecido cerebral perdido. No entanto, esse tipo de terapia seria muito cara e invasiva, num órgão tão frágil e complexo como o cérebro. Procurando por uma alternativa, os pesquisadores de Stanford se focaram em um composto chamado LM22A-4, que já havia mostrado potencial terapêutico em pesquisas anteriores. Ele é uma molécula pequena, que imita uma proteína setenta vezes maior: o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF, na sigla em inglês).
O BDNF é uma proteína muito importante no desenvolvimento do sistema nervoso, e está envolvido em funções cerebrais cruciais como a memória e o aprendizado. Alguns estudiosos propõem que a queda na quantidade dessa proteína no cérebro é justamente um dos fatores que pode levar ao derrame.
No estudo, os pesquisadores induziram derrames em ratos de laboratório, que haviam sido previamente treinados em atividades atléticas. Três dias depois, eles administraram uma dose diária de LM22A-4 na metade do grupo, enquanto a outra não recebeu a substância. O tratamento foi realizado no decorrer de dez semanas, durante as quais os cientistas monitoraram a as habilidades motoras dos animais e o número de novas células nervosas nas áreas cerebrais danificadas pelo derrame.
Como resultado, os ratos que receberam a substância recuperaram suas habilidades atléticas de modo muito mais rápido do que os outros. Ao mesmo tempo, eles apresentaram duas vezes mais células nervosas nas áreas afetadas de seu cérebro do que os ratos que não passaram pelo tratamento.
Segundo os cientistas, a explicação para esse efeito é que uma molécula tão pequena quanto a LM22A-4 não consegue desempenhar todas as atividades realizadas pela proteína que tenta imitar. Ela consegue se unir a apenas um dos dois receptores que a original usa para se ligar aos neurônios. Esse receptor está ligado à habilidade da proteína de promover a sobrevivência de novas células nervosas, enquanto o outro receptor induziria à morte dessa célula – o que seria temível em pacientes que passaram por derrames. Por conta dessa característica, a droga é vista como uma possível alternativa para ajudar na recuperação de pacientes que passaram pelo problema.
Saiba mais
*O conteúdo destes vídeos é um serviço de informação e não pode substituir uma consulta médica. Em caso de problemas de saúde, procure um médico.