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‘Não tem que ter dúvida, tem que tomar vacina’, diz pesquisadora de Oxford

Sue Ann Clemens, professora da Universidade de Oxford, critica 'sommelier de vacinas' e afirma que todos os imunizantes aprovados são seguros e eficazes

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 3 jul 2021, 18h57

A campanha de vacinação contra a Covid-19 ganhou força no Brasil no último mês, mas uma prática pode colocar tudo em risco: pessoas que vão aos postos de saúde em busca de uma vacina específica e que recusam tomar outra opção, caso a desejada não esteja disponível. Chamada ‘sommelier de vacinas’, a atitude, que não tem embasamento científico, contribui para o atraso do Plano Nacional de Imunização (PNI) e pode prejudicar o combate à pandemia no país.

A pesquisadora Sue Ann Costa Clemens, professora da Universidade de Oxford, coordenadora dos estudos clínicos das vacinas de Oxford-AstraZeneca e da Clover no Brasil e única brasileira no grupo de especialistas que fez recomendações em estratégias de saúde pública para os ministros da saúde do G7, crítica a prática e alerta para os riscos associados a ela.

“Enquanto você está esperando determinada vacina, que você nem sabe se vai conseguir tomar, os casos estão aumentando e o vírus está circulando. A melhor vacina é aquela que está sendo injetada no nosso braço, no espaço de tempo mais curto possível. Então se você tem a chance de ser vacinado, por favor, se vacine”, afirma a especialista.

O imunizante da Pfizer-BioNTech é o mais buscado. A preferência está associada à sua alta eficácia e também ao fato de ser aceito em países que exigem comprovação da vacinação para autorizar a entrada de turistas, como Europa e Estados Unidos. A recusa pela vacina de Oxford-AstraZeneca está relacionada aos casos de trombose após aplicação de doses do imunizante na Europa, Estados Unidos e no Brasil. Casos semelhantes também foram associados à vacina da Janssen, braço farmacêutico da Johnson e Johnson. Já a CoronaVac, é rejeitada por teses equivocadas sobre sua eficácia e pelo fato de ainda não ser aceita na Europa nem nos EUA, apesar de já ter sido aprovada para uso emergencial pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

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Benefícios superam os riscos

Em relação aos casos de trombose associados às vacinas de Oxford-AstraZeneca e da Janssen, tanto a Anvisa quanto agências internacionais como a EMA, que regula medicamentos na União Europeia, e a FDA, dos EUA, afirmam que os benefícios destes imunizantes superam os riscos. Os episódios são muito raros: cerca de 1 em cada 500 mil doses aplicadas, em média. Além disso, se o problema ocorrer e for diagnosticado rapidamente, há tratamento. Basta estar atento aos sintomas, que incluem dor, inchaço e vermelhidão nas pernas, dificuldade de respirar ou visão turva, caso eles apareçam e buscar atendimento médico imediato.

“Eventos adversos raros existem e fazem parte da história da vacinação. A vacina de rotavírus, por exemplo, tem eventos adversos raros em 2 em cada 100 mil vacinados, que é mais ou menos o que está acontecendo com a vacina de vetor viral, seja Oxford ou Janssen, e com a vacina da Pfizer, nos casos de miocardite. Outras vacinas utilizadas rotineiramente também podem causar eventos adversos raros e mesmo assim todo mundo toma, porque os benefícios são infinitamente maiores do que os eventos raros. Acontece o mesmo com a vacina contra Covid-19. O risco de trombose é oito vezes maior pela doença, além do risco de morte e todas as consequências da doença, além da síndrome pós-covid”, explica Sue.

Todas são eficazes

Todas as vacinas contra Covid-19 que tiveram seu uso aprovado são seguras e eficazes. Elas passaram por rigorosos testes clínicos e estes dados foram avaliados por agências reguladoras no mundo todo. Portanto, não há dúvida quanto a isso. É claro que a taxa de proteção pode variar de acordo com o imunizante, assim como seus possíveis efeitos colaterais. Mas isso não significa que uma é pior que a outra.

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“A gente trabalhou tanto para as pessoas terem a oportunidade de estarem se vacinando e as pessoas não se vacinam. Se é uma vacina que você acha que tem uma eficacia menor e daqui a alguns meses ficar comprovado que a proteção não dura 6 ou 12 meses, o governo vai oferecer uma outra dose de reforço dessa ou de outra vacina. Por isso estão sendo feitos estudos heterólogos. Em relação ao medo de eventos adversos, a vacina tríplice bacteriana, a tríplice viral e outras vacinas tem vários eventos adversos. Muito mais do que as que a gente está tomando agora. E todo mundo toma [essas vacinas] porque elas salvam mais vidas do que colocam em risco. E nós nunca estivemos tão expostos a risco como estamos nessa pandemia. Não tem que ter dúvida, tem que tomar a vacina”, finaliza Sue.

Confira o avanço da vacinação no Brasil:

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