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Não há o que fazer contra celulite, diz dermatologista renomado

Um dos mais respeitados profissionais da área, Adilson Costa afirma que as sutilezas femininas são mais atraentes do que uma coxa sem imperfeições

Por Adriana Dias Lopes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 15h46 - Publicado em 28 jun 2019, 07h00

Não há esperança para o fim da celulite? Não, e jamais haverá essa possibilidade. Ela faz parte do corpo feminino. Nove em cada dez mulheres têm celulite. Haveria uma única solução: reverter a biologia. Isso significaria mudar as características estruturais, bioquímicas e inflamatórias da gordura feminina, o que é impossível.

Nem para reduzi-la? Há muito pouco a ser feito. As alterações da hipoderme, o tecido gorduroso da pele, que deflagram a celulite começam ainda na puberdade. Controlar o peso, com dietas e exercícios, reduz o volume da hipoderme, impactando também a celulite, portanto. Mas as alterações estruturais que predispõem ao seu surgimento estarão lá, aguardando uns quilinhos a mais para saltar a olho nu.

E a promessa dos inúmeros produtos no mercado? A indústria de produtos para a celulite é milionária. Ela entrega esperança a quem, no desespero, tende a fazer de tudo para resolver seu problema. Contudo, os próprios anos mostram: eles falham! Se fossem bons, não haveria mais mulheres com celulite no mundo. Produtos tópicos, na imensa maioria, chegam até a epiderme. Não chegam à hipoderme. Os aparelhos oferecidos no mercado, como os de radiofrequência, ultrassom e laser, se abordam o problema, fazem-no de forma transitória, não curativa. Muitos deles associam movimentos de massagem ou golpes na pele que, por mecanismo de drenagem linfática, remanejam o líquido disposto entre as células, deixando a hipoderme menos “encharcada”. Mas a natureza é sábia e reconhece o papel protetivo desse líquido para as células, repondo-­­o em seguida.

Por que os homens não têm celulite? Com algumas exceções, celulite é coisa de mulher. A hipoderme do corpo feminino tem uma microcirculação menos eficaz e baixa produção de adiponectina, um hormônio vasodilatador. Além disso, alterações do tecido fibroso e um estado inflamatório próprio intensificam o problema. É como se a natureza tivesse poupado os homens de ter celulite. As sutilezas femininas são muito mais atraentes que uma coxa sem celulite.

A solução para a mulher seria definitivamente se render ao problema? Não digo render-se, mas aceitar com tranquilidade. As mulheres deveriam assumir a celulite de uma vez por todas. Elas se renderam ao policiamento social, muito mais por causa de outras mulheres. De modo geral, homem não liga se uma mulher tem ou não celulite. O mundo moderno criou um padrão de beleza surreal, incompatível com as condições fisiológicas e estruturais do corpo humano. Há uma busca pela beleza artificial da mulher, escravizante.

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Publicado em VEJA de 3 de julho de 2019, edição nº 2641

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