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Médicos alertam para a negligência no cuidado ao câncer de mama em idosas

Especialistas afirmam que elas não recebem a atenção necessária e traçam diretrizes para o combate do tumor que mais mata a população feminina mais velha

Por Cilene Pereira
13 set 2021, 11h28

Há algumas décadas, os avanços obtidos pela ciência da longevidade permitem a extensão da vida por mais tempo e com qualidade. Hoje, a mulher brasileira vive, em média, 78 anos. Estima-se que aquelas que comemoram os 70 anos desfrutem de mais 15 anos de vida e que as com 80 anos tenham pela frente outros dez. É uma ótima notícia, mas ela também alerta médicos, pacientes e familiares para a necessidade de mudarem a forma de encarar a prevenção e o tratamento do câncer de mama entre essa população. Até hoje, prevalece entre muitos profissionais de saúde e também em boa parte da sociedade o entendimento de que quando a doença é diagnosticada ou tratada após os 65, 70 anos, o ideal é restringir as terapias a um espectro mais conservador sob os argumentos de que o organismo não suportaria intervenções mais agressivas ou o de que comorbidades comuns à idade apresentariam mais risco à saúde do que o tumor.

Trata-se, porém, de uma visão equivocada e que precisa ser superada. Por isso, discussões sobre o tema têm sido feitas em todo o mundo com o objetivo de atualizar as diretrizes de tratamento voltadas às mulheres mais velhas. No Brasil, a seção paulista da Sociedade Brasileira de Mastologia preparou um documento no qual elenca cinco questões concernentes aos recursos disponíveis e sua adoção para mulheres com mais de 70 anos. “O objetivo era saber se eles eram aplicáveis a essa população e em quais circunstâncias”, explica o mastologista Guilherme Novita, presidente da regional paulista. Cada uma foi discutida por comissões específicas e depois referendadas pelo Conselho Científico da entidade. As conclusões estão disponíveis para consulta no https://www.spmastologia.com.br/ .

Medidas do gênero são fundamentais para auxiliar os especialistas nesse momento de ajuste no tratamento do tipo de câncer mais prevalente em mulheres com mais de 70 anos. “Calcula-se que o risco de aparecimento aos 75 anos seja o dobro do apresentado por mulheres com 50 anos”, explica Novita. Apesar da alta taxa, a maioria dos casos é diagnosticada tardiamente, quando o tumor é palpável (com mais de dois centímetros). Além disso, cerca de 20% das pacientes apresentam subtipos agressivos da doença, o que agrava a situação. O resultado disso tudo é assustador: cerca de 20% das pacientes com mais de 70 anos com câncer de mama inicial morrem da doença. Quando o estágio do tumor é mais avançado, a mortalidade alcança 40%.

No entanto, a prática clínica e estudos recentes demonstram negligência no trato de problema tão sério e urgente. “Análises de grupos de mulheres idosas tratadas demonstraram que existe maior proporção de pacientes recebendo terapia incompleta, com menor indicação de cirurgia, radioterapia e terapia sistêmica. Tais números podem ser explicados pelas limitações clínicas destas mulheres, mas também pela menor oferta de tratamento adequado pelos profissionais de saúde. Esta segunda hipótese não encontra justificativa na literatura médica”, escreveram os autores no documento da Sociedade Brasileira de Mastologia-SP.

É importante deixar esse cenário para trás. Se a medicina dispõe de recursos acessíveis e aplicáveis, mulheres de todas as idades têm direito a eles.

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