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Marcada por perdas familiares, jovem paranaense se apoiou na pesquisa

Maria Vitória Valoto apostou nos estudos para seguir em frente

Por Jennifer Ann Thomas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 3 jan 2020, 07h00 - Publicado em 3 jan 2020, 06h00
ÊXITO - A futura biotecnóloga: mais de trinta prêmios nacionais e internacionais
ÊXITO - A futura biotecnóloga: mais de trinta prêmios nacionais e internacionais (./.)

Câncer, produtos odontológicos, casca de laranja. A mistura inusitada — inusitadíssima — vai e vem no fluxo da memória da paranaense Maria Vitória Valoto. Não é difícil entender o porquê: tais lembranças resumem a trajetória que a levou de Londrina ao Alma College, em Michigan (EUA), onde cursa biotecnologia.

Explica-se. Aos 10 anos, Maria Vitória perdeu a mãe para um câncer de colo do útero. A jovem atribui a esse infortúnio sua decisão de se tornar cientista — depois de ver a doença triunfar, pensou que um dia descobriria formas de evitar que outras crianças sentissem a dor que a estraçalhava. O pai, que trabalhava como representante comercial de materiais para dentistas, viajava muito e não pôde continuar a criá-­la. Maria Vitória foi, então, morar com uma tia materna. Por mérito acadêmico, obteve uma bolsa em um caro colégio particular e aos 14 anos começou a fazer pesquisas científicas.

Em 2016, durante uma feira de ciências, a adolescente ouviu o relato de uma mulher que dera à luz recentemente. Acometida nas mãos por uma infecção provocada pelo fungo cândida — que causa a candidíase —, ela estava impedida de segurar seu bebê, pois havia o risco de contágio. Inconformada, Maria Vitória decidiu estudar o assunto. Acabou encontrando na laranja a solução para o mal: uma bactéria impedia a proliferação do fungo na casca da fruta. A descoberta resultou em uma terapia alternativa para o tratamento do problema. Em 2017, a futura biotecnóloga (está no 1º ano do curso) se tornou a primeira e única pessoa da América Latina a chegar à final da competição de jovens cientistas promovida pelo Google — e a primeira brasileira a participar três vezes da feira da Intel, a maior da área de ciências pré-­universitárias. Somente no ensino médio, arrebatou mais de trinta prêmios nacionais e internacionais.

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Em 2015, Maria Vitória e o pai voltaram a morar juntos. No início de 2019, ele teve uma lesão cerebral e parou de andar e de falar. Morreu em maio. “No fim da nossa relação, meu pai me dizia que o mundo era pequeno para mim. Quando penso em tudo o que conquistei, reflito que ele é pequeno não só para mim, mas para todos que acreditam que possam transformá-lo”, afirma a jovem. “Foi a ciência que me fez persistir. A educação me salvou”, completa.

Publicado em VEJA de 8 de janeiro de 2020, edição nº 2668

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