Manaus: ‘não cumprimento das restrições’ levou a situação atual, diz OMS
Órgão internacional afirmou que a nova variante do coronavírus detectada no Amazonas pode ter impacto, mas não é a causa da aceleração da pandemia
A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse nesta sexta-feira, 15, que a situação crítica em toda a América do Sul, incluindo Manaus, não deve ser atribuída exclusivamente à nova variante da Covid-19 detectada no Brasil, mas ao não cumprimento das restrições em vigor.
“Não são as novas variantes que estão causando essa transmissão. Elas podem ter um impacto eventualmente (…) mas é muito fácil culpar apenas a nova variante”, alertou o diretor de emergências da OMS, Michael Ryan. “Também foi tudo o que não fizemos que causou” a aceleração na pandemia, acrescentou.
O estado do Amazonas foi um dos mais afetados no início da pandemia no Brasil, no ano passado. Após um período de melhora, a situação voltou a piorar dramaticamente nas últimas semanas. Os temores aumentaram com a identificação da região como origem de uma variante brasileira do vírus, que os cientistas dizem ser mais contagiosa.
Essa variante se espalhou pela América do Sul, mas Ryan explicou que a tendência atual na região “pode ser atribuída essencialmente ao não cumprimento de regras básicas de comportamento”.
Segundo Ryan, “a situação no Amazonas, e particularmente em Manaus, piorou significativamente nas últimas duas semanas”.
O especialista confirmou também que o cenário atual no estado do Amazonas é pior do que a sofrida na região entre abril e maio, e “o sistema de saúde corre o risco de implodir”, alertou o diretor de emergências.
Além da falta de materiais básicos para o atendimento dos pacientes, como luvas e oxigênio, Ryan chamou a atenção para outro problema: o fato de os profissionais de saúde estarem infectados. Quando esses trabalhadores e funcionários de laboratório começam a ficar gravemente doentes, “todo o sistema [de saúde] começa a implodir”, disse Ryan.
O número total de mortes pela Covid-19 em todo o mundo ultrapassou os 2 milhões nesta sexta-feira, 15, de acordo com uma contagem realizada pela AFP com base em balanços oficiais fornecidos pelas autoridades.
A Europa, com 650.560 mortes, é a região mais afetada, à frente da América Latina/Caribe (542.410) e dos Estados Unidos/Canadá (407.090).
Com AFP