Laudo aponta contaminação em terreno em Volta Redonda
Cedido pela CNS, local serviu para a construção de casas de funcionários da empresa na década de 1990. Substâncias tóxicas têm potencial cancerígeno
Um terreno cedido pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) na década de 1990 para a construção de casas destinadas a funcionários, em Volta Redonda, Sul Fluminense, está contaminado com substâncias tóxicas potencialmente cancerígenas que expõem a população local a “níveis intoleráveis de risco à saúde”, aponta laudo divulgado nesta quinta-feira pelo secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc.
Segundo ele, pelo menos 750 dos 2.257 moradores do condomínio Volta Grande IV precisam deixar o local “imediatamente”. A decisão sobre a remoção caberá à Justiça de Volta Redonda. Em julho do ano passado, o Ministério Público do Rio, que denunciou o caso, já havia ajuizado ação solicitando a retirada dos moradores. Minc afirmou que a empresa poderá ser multada em até 50 milhões de reais.
A CSN divulgou nota em que afirma não ter conhecimento do laudo. De acordo com a empresa, foram realizados sob supervisão dos órgãos ambientais “mais de cinco amplos estudos nos últimos 13 anos a respeito do bairro Volta Grande IV e nenhum deles apontou perigo ou risco iminente à saúde dos moradores”. De acordo com Minc, o laudo foi feito pela empresa Nickol, sob encomenda da própria CSN, por determinação do governo, e complementado pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea). No entanto, não abrange todo o terreno, apenas um trecho de 10 mil metros quadrados.
A área onde vivem os outros 1.507 moradores ainda não foi vistoriada. Minc responsabilizou a CSN pela demora. Ainda conforme o secretário, a contaminação atinge o solo e águas subterrâneas. Não foram realizados estudos clínicos dos moradores. Ele não soube dizer quando ocorreu o despejo de rejeitos, se antes ou depois da privatização da CSN, em 1993. O trecho contaminado fica a 200 metros do Rio Paraíba do Sul. Ao lado do condomínio há um depósito oficial de rejeitos da CSN.
Elementos cancerígenos – Minc diz que no bairro há concentrações de elementos cancerígenos, como ascarel, benzopireno, cádmio e cromo até 90 vezes acima do máximo tolerável. “Tomei conhecimento dos dados na segunda. São apavorantes. A CSN é a vilã dessa história. Quem tem obrigação de fazer a análise é o poluidor.” Ele acrescentou que, apesar das evidências apontadas pelo MP, “seria irresponsável mandar todo mundo sair sem ter certeza”. Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente obriga os Estados a fazerem um cadastro de áreas potencialmente contaminadas. “Estamos fazendo”, garantiu Minc.
(Com Estadão Conteúdo)