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Jovem é internada com trombose devido ao uso de anticoncepcional

A universitária de Botucatu foi internada na UTI com trombose venosa cerebral após tomar pílula anticoncepcional por cinco anos

Por Da redação
Atualizado em 23 dez 2020, 12h50 - Publicado em 4 ago 2016, 12h55

Após sentir fortes dores de cabeça, perder temporariamente o movimento de uma das mãos e pernas e esquecer como realizar ações básicas do cotidiano, a universitária Juliana Bardella, de 22 anos, foi internada em um hospital de São Paulo onde permaneceu por 15 dias – três deles na UTI. O diagnóstico? Trombose venosa cerebral devido ao uso prolongado de pílula anticoncepcional. 

Embora o risco do problema devido ao uso de contraceptivos orais, em especial os que contém o hormônio drospirenona, seja conhecido, as pacientes ainda são pouco alertadas. Segundo Juliana, ela tomou o anticoncepcional Yaz, da Bayer, durante cinco anos. Nesse período, ela foi a três ginecologistas diferentes que nunca mencionaram o aumento do risco de trombose devido ao uso do medicamento.

Segundo Eduardo Zlotinik, ginecologista do hospital Albert Einstein, em São Paulo, todo método hormonal tem impacto na coagulação sanguínea, aumentando o risco de trombose. Mas, um estudo britânico publicado no ano passado no periódico científico The BMJ mostrou que as pílulas modernas – surgidas a partir da década de 1990 -, principalmente aquelas que têm composição com drospirenona (como o Yaz), o desogestrel, o gestodeno e a ciproterona, aumentam em até quatro vezes a formação de coágulo sanguíneo grave.

Os hormônios da pílula interferem no sistema circulatório da mulher de diversas formas. O composto aumenta a dilatação dos vasos, a viscosidade do sangue e, consequentemente, a coagulação. Com essas alterações, é possível que sejam formados coágulos nas veias profundas, localizadas no interior dos músculos. Em geral, os coágulos se formam nas pernas, mas podem se alojar nos pulmões, formando um bloqueio potencialmente fatal, ou ainda se mover para o cérebro, provocando um acidente vascular cerebral (AVC).

Médicos e especialistas ressaltam que nem todas as pacientes estão em risco. Mulheres que sofrem de enxaqueca, fumam e têm histórico de trombose na família, possuem um risco 20 vezes maior de ter um acidente vascular cerebral. Ou seja, no caso delas, nada de pílula moderna.

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No entanto, mesmo em mulheres sem fatores de risco, como Juliana, a trombose pode acontecer. Segundo a jovem, ela não tem histórico familiar, não fuma, não tinha predisposição para trombose e seus exames de sangue sempre estavam normais. E mesmo assim, teve o problema. Por isso, é preciso estar alerta aos primeiros sintomas.

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Dor de cabeça persistente

Segundo um relato de Juliana publicado no Facebook na quarta-feira, tudo começou com uma pequena dor de cabeça, que se agravou por três semanas até ficar insuportável. Em seguida, ela acordou sem conseguir mexer uma perna nem uma das mãos. A jovem, que mora em Botucatu, onde cursa medicina veterinária na Unesp conta que, quando a dor de cabeça atingiu um nível insuportável, ela foi a um hospital da cidade. Entretanto, a médica que a atendeu apenas deu o diagnóstico de enxaqueca e receitou alguns analgésicos.

Dois dias depois, a jovem acordou para ir a aula e notou que sua perna e mão direta não respondiam aos comandos e que ela já não se lembrava como realizar tarefas cotidianas como usar o banheiro, comer e mexer no celular. Com a ajuda das amigas, Juliana conseguiu contatar seus pais – que moram em outra cidade. Eles então levaram imediatamente para um hospital da capital paulista – distante cerca de 230 km de Botucatu. Uma ressonância revelou a trombose venosa cerebral, uma doença que pode deixar sequelas graves em cerca de 15% dos casos e levar à morte 6% a 15% dos pacientes.

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Como a jovem não têm predisposição para o problema e seus exames de sangue estavam normais, os médicos concluíram que a trombose ocorreu devido ao uso prolongado do anticoncepcional. Hoje, um mês e meio após a internação, Juliana ainda tem pequenas alterações na visão, terá que tomar anticoagulantes por um tempo e abandonar os anticoncepcionais orais.

A jovem contou também que depois de passar pelo problema, se deparou com diversas outras histórias semelhantes e, embora não seja contra o anticoncepcional, reforça a importância das mulheres que tomam manterem-se informadas sobre os riscos.

Efeito colateral comprovado

Em nota ao G1, o laboratório Bayer, fabricante do Yaz, informou que a empresa segue a decisão da Comissão Europeia, que concluiu que “os benefícios dos contraceptivos hormonais combinados na prevenção da gravidez não planejada continuam a superar os riscos e que a possibilidade de tromboembolismo venoso (TEV), associada ao uso de contraceptivos hormonais combinados, é pequena”.

Embora especialistas destaquem que o índice absoluto de casos de trombose associado ao uso de contraceptivos orais é baixo, a trombose é um efeito colateral comprovado. Por isso, a escolha do método contraceptivo deve ser individualizada e decidida pela paciente em conjunto com um ginecologista.

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Os métodos contraceptivos hormonais ainda são os mais utilizados no Brasil e podem ser encontrados em diferentes apresentações: oral, injetável, adesivo e implante – que agem impedindo a ovulação – ou o dispositivo intrauterino (DIU), com ação hormonal local. Estima-se que 25% das brasileiras utilizem anticoncepcionais por via oral, enquanto 30% das mulheres em idade reprodutiva optam pela laqueadura.

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