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Gripe suína não é motivo para pânico

Por Da Redação
24 jul 2009, 20h39

Uma onda de medo se espalhou entre os brasileiros nas últimas semanas, à medida que a gripe suína começou a fazer vítimas fatais no país. Até a sexta-feira passada, 33 mortes foram associadas à infecção pelo vírus H1N1, responsável pela transmissão dessa nova cepa gripal, em quatro estados – São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul. Somadas à notícia de que, desde abril, a gripe suína já matou 800 pessoas em 160 países, tais mortes semearam um terreno fértil para se imaginar que sair às ruas ou permanecer com outras pessoas em locais fechados se tornou um perigo.

Muitas escolas paulistas e fluminenses iniciaram as férias mais cedo. No Rio Grande do Sul, prefeituras suspenderam a realização de festas populares, congressos e cerimônias de formatura. A arquidiocese de São Paulo recomendou aos padres que, durante as missas, tomem uma série de precauções, tais como pular a parte em que os fiéis rezam de mãos dadas. Hospitais montaram alas específicas para receber pacientes com suspeita de gripe suína. Até pela leitura dos jornais se tem a impressão de que o Brasil estaria à beira de uma epidemia de gripe suína capaz de ceifar milhares de vidas.

É lamentável, obviamente, que a nova gripe tenha feito vítimas fatais, e tomar medidas preventivas contra ela é uma atitude de bom senso, principalmente por parte do poder público. Há evidências, no entanto, de que não é preciso ficar alarmado com a doença, como se ela fosse uma peste da Idade Média. A gripe comum é bem mais letal do que ela. Para se ter uma ideia, no mesmo período de 30 dias, entre junho e julho, em que a gripe suína matou 31 pessoas no país, 4 500 pessoas morreram no ano passado em conseqüência da gripe sazonal. “A gripe suína tem se mostrado de baixa letalidade”, diz o infectologista Mauro Salles, da Fundação Oswaldo Cruz.

Como a transmissão do H1N1 é mais fácil do que a do vírus da gripe comum, os especialistas acreditam ser provável que muitas pessoas que ficaram gripadas recentemente tenham contraído a cepa suína sem nem sequer se dar conta da contaminação. Recuperaram-se em casa, como fazem no caso de uma gripe comum. A principal preocupação dos médicos com relação ao novo vírus é que, ao contrário das gripes sazonais, que praticamente só matam idosos, crianças ou pessoas debilitadas por outras enfermidades, a nova gripe é mais letal em jovens e adultos, alguns sem problemas de saúde anteriores.

Por enquanto, nada indica que o H1N1 assumirá as características de um vírus capaz de matar em larga escala. A probabilidade maior é de que se enfraqueça. Foi o que ocorreu com o vírus da gripe espanhola, que, em 1918, ceifou 40 milhões de vidas no mundo. A variante de sua cepa é, hoje, um dos vírus mais fracos em circulação. Ao se tornar de fácil contágio entre seres humanos, ele sofreu mutações que o deixaram menos letal e mais infeccioso. Trata-se uma estratégia de sobrevivência, já que os vírus que provocam gripes duram apenas alguns dias no ambiente � dependem, portanto, de seus hospedeiros para continuar a se disseminar. O temido ebola, ao contrário, é um exemplo de “vírus burro”. Mata os seres humanos em pouquíssimo tempo – e, ao morrer com eles, inviabiliza a sua transmissão em larga escala. O ebola só se propaga em animais, porque não os mata.

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A nova gripe não é um monstro indomável, mas também não é o caso de promover “festas da gripe suína”, a exemplo do que ingleses e americanos vem fazendo desde o anúncio da pandemia de H1N1, em junho passado. Nesses eventos, convidam-se pessoas infectadas pelo H1N1 de modo a que os demais convidados se exponham a ele. Seus organizadores acreditam que é melhor se contaminar com o vírus agora, enquanto ainda é pouco letal, para proteger-se de eventuais mutações que o tornem mais perigoso. É uma bobagem, visto que é ínfima a chance de o H1N1 adquirir maior virulência. “Ao facilitar a transmissão do vírus, essas pessoas podem até favorecer que ele se torne mais agressivo, expondo toda a população a uma forma mais grave da doença”, diz o infectologista Artur Timerman.

Vacinas para a nova gripe já estão sendo testadas em humanos por dois laboratórios na Austrália. Um deles planeja ter a vacina pronta em setembro. Se apresentar resultados satisfatórios, a imunização poderá ser iniciada antes de dezembro, quando começa no Hemisfério Norte o inverno, período em que as gripes se disseminam mais facilmente. No Brasil, a vacina seria utilizada a partir do próximo inverno. Até lá, repita-se, é prudente ter cuidado com a gripe suína, mas não há necessidade de alterar hábitos e muito menos de entrar em pânico por causa dela.

Leia a reportagem completa em VEJA desta semana (na íntegra somente para assinantes).

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