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Estudo mostra que médicos ainda prescrevem antibióticos em excesso nos EUA

Segundo a pesquisa, 60% dos pacientes adultos que foram ao médico com amigdalite nos últimos anos receberam prescrições de antibióticos. O remédio, porém, é adequado para apenas 10% desses casos

Por Da Redação
8 out 2013, 10h24

Um novo estudo feito nos Estados Unidos mostrou que a maior parte dos pacientes adultos que vão ao médico com dores de garganta e bronquite recebe prescrições de antibióticos. No entanto, apenas uma porcentagem muito pequena dessas pessoas deveria tomar esse tipo de medicamento, já que essas doenças são mais comumente causadas por vírus, contra os quais os antibióticos, criados para tratar apenas infecções bacterianas, não fazem efeito.

Esses dados fazem parte de duas grandes pesquisas feitas no país e apresentadas na última semana no IDWeek, evento anual sobre doenças infecciosas da Sociedade Americana de Doenças Infecciosas, Sociedade Americana de Epidemologia, Associação de Medicina para o HIV e Sociedade Pediátrica para Doenças Infecciosas.

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Os estudos revelaram que, entre 1997 e 2010 nos Estados Unidos, os médicos prescreveram antibióticos em 60% das consultas a pacientes com dor de garganta (amigdalite). Embora essa taxa seja menor do que a observada em um estudo feito em 2001, que foi de 73%, ainda é elevada. Segundo os pesquisadores, a porcentagem deveria ser de aproximadamente 10%, taxa que corresponde aos casos de amigdalite que são causados por bactérias. Os outros 90% são provocados por um vírus.

O trabalho também mostrou que houve prescrição de antibióticos em 73% das consultas a pacientes com bronquite no país entre 1996 e 2010. Segundo os especialistas, essa taxa deveria ser de praticamente zero, uma vez que a bronquite aguda é quase sempre viral. “As pessoas precisam entender que, ao tomar antibióticos por infecções virais, elas estão colocando algo em seu organismo que elas não precisam. Tomar antibióticos sem necessidade expõe as pessoas aos efeitos colaterais do medicamento, como alergias, infecções e náusea, sem nenhum benefício”, afirma Jeffrey Linder, professor de Medicina da Universidade Harvard e principal autor do estudo.

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Problema global – “Esse problema é mundial, acontece no Brasil também”, afirma Eduardo Medeiros, chefe da Disciplina de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Unifesp. “O uso de antibióticos de forma excessiva é muito comum na prática clínica. A dificuldade em diferenciar um quadro viral de um bacteriano está relacionada à insegurança do médico e a pressão dos pacientes por uma medicação”, diz o médico. Para ele, isso mostra a necessidade de uma melhor formação dos médicos na área de doenças infecciosas.

Na maior parte dos casos de doenças como amigdalite e bronquite, a principal recomendação é a ingestão de líquidos e repouso. Caso os sintomas sejam mais fortes, podem ser utilizados analgésicos ou até mesmo antiinflamatórios, sempre prescritos pelo médico.

Bactérias resistentes – Além dos possíveis efeitos colaterais, o uso excessivo e muitas vezes desnecessário de antibióticos pode aumentar as chances de uma bactéria se tornar resistente ao medicamento. “Quando você toma o antibiótico, ele não é um míssil teleguiado que vai diretamente ao local desejado. Ele altera toda a microbiota, uma grande quantidade de bactérias que vive em equilíbrio no nosso organismo. Ao tomar antibiótico, você mata trilhões dessas bactérias, deixando apenas as mais resistentes, que vão se multiplicando e ocupando o lugar das que foram eliminadas”, afirma Medeiros.

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Um exemplo disso é a penicilina. Descoberta em 1928, ela passou a ser utilizada com mais frequência a partir de 1940, na Segunda Guerra Mundial. Nessa época, praticamente 100% das bactérias causadoras de doenças eram sensíveis a ela. Apenas dez anos depois, na década de 50, essa taxa já havia caldo para 10%. “Com o uso intenso da penicilina, foram eliminadas as bactérias sensíveis e houve uma seleção de bactérias. Apenas as resistentes, que eram capazes de produzir a enzima penicilinase, que degrada a penicilina, foram sobrevivendo”, diz Medeiros. “Hoje, nenhum antibiótico atinge 100%. Ou, se atingir, em pouco tempo começam a aparecer cepas de bactérias resistentes a ele.”

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