Estudo da Fiocruz aponta tratamento promissor contra Covid-19
Pesquisa em parceria com a Universidade de Columbia concluiu que combinação de antivirais reduz replicação do vírus em dez vezes

A combinação entre dois antivirais, um para hepatite C e o Remdesivir, aprovado para uso contra a Covid-19, demonstrou potencial para reduzir a replicação do SARS-CoV-2 dez vezes mais do que quando os medicamentos são usados separadamente. Este foi o achado de um estudo conduzido por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. Juntos, os medicamentos, que têm liberação para uso em humanos, bloquearam a capacidade do vírus de se reproduzir em células infectadas. O próximo passo dos cientistas é analisar se o achado também ocorre em modelos animais.
“Nós estudamos inibidores de uma enzima essencial para a biologia do Sars-CoV-2, a exonuclease, que permite maior estabilidade genética ao vírus e o ajuda a selecionar variantes virais, como aquelas que escapam da respostas imunes do organismo, por exemplo. A exonuclease seleciona o conjunto genético mais abundante do vírus e permite que cópias desse conjunto sejam replicadas, isso tudo em cooperação com outra enzima, a polimerase”, explica um dos coordenadores do estudo, Thiago Moreno Souza, pesquisador do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz).
O estudo, divulgado pela Fiocruz nesta segunda-feira, 21, foi publicado no dia 22 de fevereiro na Communications Biology, publicação da revista científica Nature.
Como notaram que as moléculas aprovadas para tratar hepatite C não se apresentavam em concentração ideal para combater o vírus, os pesquisadores fizeram a associação com o medicamento contra a Covid-19, autorizado pelo Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, e na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Ao combinarmos os medicamentos que já era conhecidos inibidores da RNA polimerase com as substâncias reposicionadas para bloquear a exonuclease, tivemos resultados promissores que merecem investigações aprofundadas do ponto de vista clínico”, explica Souza.
Caso os resultados se confirmem em animais, o estudo vai poder seguir para ensaios clínicos, pois os medicamentos avaliados têm aprovação para o tratamento de outras infecções.
O estudo teve a coordenação de pesquisadores da Columbia Chemical Engineering e do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/ Fiocruz), e contou com a participação do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), do Memorial Sloan Kettering Cancer Center e da Rockefeller University.