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Estudante que processou escola por proibir alunos sem vacina pega catapora

De acordo com Jerome Kunkel, de 18 anos, a recusa em receber o imunizante está relacionada a crenças religiosas

Por Redação
9 Maio 2019, 18h05

Um estudante americano que processou a própria escola por proibir alunos não vacinados contra catapora de frequentarem o ambiente acadêmico contraiu a doença na semana passada. Jerome Kunkel, de 18 anos, entrou com uma ação contra o colégio depois que o Departamento Estadual de Saúde do Norte do Kentucky, nos Estados Unidos, orientou que estudantes não imunizados deveriam ficar em casa até que o surto da doença estivesse sob controle. Na época do “banimento”, em março deste ano, a entidade havia informado que 13% dos estudantes da Academia Nossa Senhora do Sagrado Coração, onde Kunkel estuda, haviam adoecido. 

Para o Departamento de Saúde, a medida era uma forma de evitar que a participação em atividades escolares estimulasse a propagação da catapora. “[Os banimentos] são projetados para impedir que pessoas não vacinadas, que foram expostas ao vírus, infectem membros do público em geral enquanto estão infectadas”, explicou em comunicado. Dados divulgados pela organização indicaram que apenas 18% dos alunos estavam vacinados. 

Segundo Kunkel, a recusa em receber o imunizante está relacionada a crenças religiosas. “[A vacina] é derivada de células fetais abortadas. E, como católico, não acreditamos em aborto. Acreditamos que é moralmente errado e seria contra minha consciência”, explicou à CBS News. Apesar de o Vaticano, sede da Igreja Católica, ter condenado este tipo de vacina, a orientação é que os fieis podem utilizá-las “devido à necessidade de prover o bem dos filhos e das pessoas que entram em contato com as crianças”.

Em entrevista à CNN, Christopher Wiest, advogado de Kunkel, esclareceu que o rapaz está com coceiras, mas se recupera bem. Já à NBC News, ele disse que seu cliente não se arrepende da decisão de não tomar a vacina, mesmo tendo contraído a doença depois. 

Banimento e processo

Com a participação suspensa nas aulas e atividades extracurriculares, Kunkel também teve que ficar longe do time de basquete da escola, do qual é jogador. Esse foi um dos motivos que o levou a entrar com processo na justiça contra a determinação. “O fato de eu não poder terminar meu último ano [no time] de basquete é devastador. Você passa quatro anos no colegial jogando basquete, mas está ansioso pelo seu último ano”, disse ao canal americano WLWT, em março. De acordo com o diretor da escola, nenhum dos membros do time de basquete havia sido vacinado. 

Informações da emissora americana WXIX indicam que 90% dos estudantes do colégio têm restrições religiosas contra vacinas. Entre aqueles que foram banidos, alguns participaram do processo. Apesar da insatisfação contra a suspensão, os resultados não foram favoráveis aos estudantes. No mês passado, o juiz responsável pelo processo decidiu contra os adolescentes, cuja ação judicial alegava que a vacina era “imoral, ilegal e pecaminosa”. 

Wiest, que também é advogado de outros estudantes, revelou que metade dos seus clientes adquiriram a doença. Para ele, isso demonstra que a suspensão foi ineficaz já que boa parte dos alunos frequentam a mesma igreja e estariam expostos à catapora. “Eu disse aos pais e mães que o caminho mais rápido para resolver isso [banimento] é fazer com que eles contraiam catapora“, comentou Wiest à WXIX.

O comentário do advogado preocupou o Departamento Estadual de Saúde do Norte do Kentucky. “Incentivar a propagação de uma doença infecciosa aguda em uma comunidade demonstra um desrespeito pela saúde e segurança de amigos, familiares, vizinhos e membros do público em geral”, ressaltou o departamento em nota. O posicionamento do advogado reflete o de uma parcela da população do Kentucky, incluindo o governador do estado, que recentemente admitiu expor os filhos à catapora para que eles fiquem imunes. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, a sigla em inglês), a forma mais segura de se tornar imune é através da vacinação.

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Catapora

Também conhecida como varicela, a catapora é uma infecção altamente contagiosa causada pelo vírus varicela-zóster. A transmissão é feita pelas vias respiratórias através de partículas transportadas pelo ar contaminadas com o vírus. Os sintomas costumam aparecer de 10 a 21 dias após a infecção e incluem dores de cabeça leves, febre moderada, perda de apetite e mal-estar. De dois a três dias após os primeiros sinais, surgem erupções avermelhadas com coceira.

Segundo o CDC, a recuperação da doença acontece depois de alguns dias, mas, em alguns casos, pode haver complicações graves, como pneumonia, inflamação do cérebro, hemorragia e infecções na corrente sanguínea (sepsis), especialmente em grupos vulneráveis (bebês, gestantes, adultos e pessoas com sistema imunológico debilitado). 

No Brasil, a vacinação contra a catapora faz parte do calendário básico de vacinações oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

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