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Especialistas elogiam condução do caso de suspeito de ebola

Segundo infectologistas ouvidos pelo site de VEJA, sistema de saúde brasileiro agiu corretamente ao isolar paciente e monitorar pessoas com quem teve contato

Por Juliana Mendonça, Rita Loiola e Vivian Carrer Elias
10 out 2014, 20h59

Especialistas em infectologia elogiaram a atuação do Brasil no primeiro caso de suspeita de ebola no Brasil. O africano Souleymane Bah, que veio da Guiné em setembro, foi colocado em isolamento nesta quinta-feira após procurar um hospital do Paraná relatando ter tido febre nos dois dias anteriores. O caso foi relatado ao Ministério da Saúde e, nesta sexta feira, o paciente foi transferido a uma unidade de referencia do Rio de Janeiro. Ele já foi submetido a um teste que diagnostica o ebola e o resultado deve sair até este sábado.

“O nosso sistema de saúde está de parabéns. A atuação dos profissionais foi correta”, disse Marcelo Burattini, infectologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), ao site de VEJA. “O grande receio em relação à doença é o de que o indivíduo chegue ao sistema de atenção básica e não seja reconhecido como alguém que possa ter contraído ebola. Se esses casos forem identificados e as medidas corretas forem adotadas, não haverá casos secundários. Por isso, é importante que os profissionais de saúde tenham capacitação e conhecimento sobre a doença.”

Bah foi considerado como suspeito de ter ebola porque apresentou um dos sintomas da infecção, veio de um país atingido pela epidemia da doença e pelo fato de a febre ter se manifestado 21 dias após ele ter deixado a Guiné – esse é o tempo máximo de incubação do vírus. Quando seu caso foi classificado como suspeita de ebola, o paciente foi internado em isolamento imediatamente e as pessoas que tiveram contato com ele foram identificadas e vem sendo monitoradas.

“Nós costumamos criticar o sistema de saúde brasileiro, no entanto, o Ministério da Saúde vem fazendo simulações com profissionais da área desde agosto para lidar com casos suspeitos de ebola”, diz Alexandre Barbosa, professor de infectologia da Unesp. “Com isso, os profissionais sabem que, se a suspeita for identificada, o paciente deve ser isolado imediatamente e os agentes de saúde devem usar óculos, luvas e descartarem todo o material utilizado no tratamento. Se isso for feito em um ambiente hospitalar, a possibilidade de contágio é eliminada completamente.”

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Erros – O caso do liberiano Eric Duncan, morto nos Estados Unidos nesta quarta-feira, é um exemplo de como falhas nesse protocolo podem colocar paciente e população em risco. Ele viajou da África para o Texas e começou a passar mal dois dias depois de desembarcar, em 24 de setembro. Ele procurou ajuda média no Hospital Presbiteriano de Dallas no dia 26, mas foi mandado de volta para casa com prescrição de antibiótico, mesmo tendo informado que veio de um país com epidemia de ebola. No dia 28, o estado de saúde de Duncan piorou, ele retornou ao hospital e somente então recebeu o diagnóstico da doença. “Se os protocolos fossem seguidos corretamente, a transmissão do ebola não deveria ser uma grande preocupação”, diz Marcelo Burattini.

Na Espanha, erros cometidos durante o tratamento de pacientes com ebola no Hospital Carlos III, em Madri, provocaram o primeiro caso de transmissão do vírus fora da África. A pessoa contaminada, a enfermeira Teresa Romero, de 44 anos, começou a apresentar os primeiros sintomas em 28 de setembro, procurou o hospital após seis dias e está internada em isolamento desde então.

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Uma investigação foi aberta para descobrir de que forma Teresa foi contaminada, já que ela afirma ter seguido todos os protocolos de segurança. Diante desse caso, profissionais de saúde do Hospital Carlos III fizeram um protesto nesta sexta-feira porque estão preocupados com os treinamentos e com os padrões de segurança do estabelecimento.

Brasil – Rodrigo Angerami, da Sociedade Brasileira de Infectologia e da Unicamp, explica que os planos de contingência contra o ebola variam de acordo com a situação de cada país. Por exemplo, em regiões da África onde já existe a epidemia, o foco é conter a propagação do surto. Nos Estados Unidos, uma vez já houve um diagnóstico de ebola, as medidas agora visam evitar casos secundários, ou seja, transmitidos dentro do país. É o que o Brasil deve fazer se Souleymane Bah for diagnosticado com a doença. “Por enquanto, o sistema de saúde brasileiro deve permanecer em alerta para a identificação precoce de casos suspeitos de pessoas que vieram de países com epidemia”, diz Angerami.

Além disso, mesmo se o paciente não tiver ebola, o alerta em relação a novos casos deve permanecer. “Isso porque pode demorar várias semanas até surgir outro caso”, diz José Reis Alves, responsável pelo núcleo de medicina do viajante do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. “Porém, a chance é quase inexistente de algum país com sistema de saúde estruturado ser afetado por uma epidemia como a africana.

Crise – A atual epidemia de ebola já é a maior da história. Até então, o maior surto da infecção havia acontecido em 1976, quando o vírus foi descoberto e foram registradas 431 mortes. Entre março deste ano e o dia 8 de outubro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já totalizou quase dez vezes mais óbitos. Segundo o órgão, 4 033 pessoas da Guiné, Libéria e Serra Leoa entre as 8 399 infectadas morreram nesse período. Com isso, a taxa de mortalidade de ebola na atual epidemia chega a 48%.

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