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Entenda por que algumas pessoas não gostam de abraços

O comportamento dos pais em relação ao contato físico pode interferir na maneira como as pessoas reagem ao abraço

Por Da Redação
5 set 2018, 20h40

Você é do tipo que faz de tudo para evitar um abraço? Ou conhece alguém que é assim? Em ambos os casos nem sempre é fácil explicar o motivo que leva uma pessoa a não gostar muito do contato, considerados por muitos, como um gesto de carinho. Segundo a ciência, algumas das causas para este comportamento é a forma como uma pessoa é criada ou problemas de autoestima.

“Nossa tendência a nos envolvermos em contato físico – seja abraçar, dar um tapinha nas costas ou oferecer o braço a um amigo – é, muitas vezes, produto de nossas experiências iniciais”, explicou Suzanne Degges-White, professora da Northern Illinois University, nos Estados Unidos, à Time.

Qualquer que seja a origem da aversão, ela pode causar desconforto para quem a sente e para quem é alvo dela. Felizmente, de acordo com especialistas, é possível superá-la, mas a iniciativa deve partir do indivíduo, que pode – ou não – querer agir “normalmente”.

Vale lembrar ainda que evitar contato físico também pode ser um componente cultural. Em países como Coreia do Sul, Estados Unidos e Inglaterra as pessoas tocam e abraçam menos umas as outras do que em lugares como Brasil, França e Porto Rico, por exemplo. Pelo menos é o que indica estudo realizado pela Universidade da Califórnia, também nos Estados Unidos.

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Convivência familiar

Estudo de 2012, publicado na revista Comprehensive Psychology, indica que pessoas criadas por pais que gostam de abraçar estão mais propensos a replicar o comportamento na fase adulta. Já Suzanne afirma que para pessoas que convivem com pais que fogem do contato físico, apenas pensar em ser abraçado pode deixá-las desconfortáveis. A atitude é reproduzida durante toda a vida e repassada à geração seguinte.

No entanto, existe uma terceira situação, que reflete o comportamento oposto, ou seja, crianças cercadas pela falta de toques físicos podem crescer com a necessidade de suprir essa carência e, portanto, são mais propensas a querer abraçar. “Algumas crianças crescem e se sentem ‘famintas’ pelo toque e tornam-se indivíduos que não conseguem receber um amigo sem um abraço ou um toque no ombro”, comentou Suzanne.

Assim, fatores familiares podem gerar um impacto fisiológico duradouro, independente do tipo de ambiente em que as pessoas foram criadas.

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Resposta fisiológica

Quando não temos muito contato físico com as pessoas ao nosso redor, especialmente os pais, o corpo pode ser afetado durante a infância e adolescência, prejudicando o sistema nervoso e a forma como os hormônios são produzidos no cérebro.

Darcia Narvaez, do Departamento de Psicologia da Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos, explicou que a falta de contato nas primeiras fases da vida atrapalha o desenvolvimento do nervo vago – feixe de nervos que vai da medula espinhal até o abdômen -, diminuindo a capacidade de os indivíduos criarem laços de intimidade e de compaixão em relação aos outros. Por causa disso, o sistema de produção da ocitocina, também conhecido como hormônio do amor, também fica comprometido.

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Pesquisa de 2014, feita com órfãos romanos, demonstrou como a negligência afetiva pode impactar o desenvolvimento mental. As descobertas apontaram que as crianças adotadas tinham sistemas de ocitocina defeituosos já que, no período em que estiverem no orfanato, eles quase não receberam carinho. Devido a isso, elas não demonstraram aumento do hormônio que crianças educadas em um ambiente familiar acolhedor apresentam quando são abraçadas ou sentam no colo dos pais.

A falta da ocitocina dificulta a formação de uma personalidade mais sociável. Portanto, toques carinhosos, incluindo o abraço, são muito importantes para os jovens, mesmo que na vida adulta eles prefiram evitá-los.

Autoestima

De acordo com Suzanne, baixa autoestima e problemas com o próprio corpo também podem desempenhar papel na aversão de alguém. “As pessoas que estão mais abertas ao contato físico com os outros geralmente têm níveis mais altos de autoconfiança. Já as pessoas que têm níveis mais altos de ansiedade social, em geral, podem hesitar em se envolver em toques carinhosos com os outros, incluindo amigos”, esclareceu. Ela ainda alerta que o medo de ser tocado – física e emocionalmente – pode tornar esse desconforto ainda pior.

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Como lidar?

Para quem gostam de abraçar, a recomendação é: contenha-se. O Emily Post Institute, criado pela socialite e escritora americana Emily Post, sugere evitar o contato físico a menos que você já tenha intimidade com a pessoa em questão. A razão é simples: apesar de o abraço ser confortável para você, o mesmo pode não ser válido para o outro. Segundo especialistas, algumas pessoas levam semanas ou meses para se sentirem confortáveis o bastante para aceitarem  – sem relutância – um abraço.

Além disso, a linguagem corporal deve ser sempre levada em consideração antes de iniciar o contato: se a primeira atitude de alguém é estender a mão para você, por exemplo, reconheça o sinal e apenas aceite o cumprimento sem tentar maior proximidade. Outras condutas de quem prefere evitar um toque mais íntimo são fáceis de perceber, como caretas (discretas ou óbvias), expressão de pânico ou repulsa no olhar. Se reconhecê-las, já sabe, nada de abraço.

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Como superar?

Primeiro: é importante ressaltar que ninguém deve se sentir obrigado aceitar o contato físico apenas para atender convenções sociais. Mas se o comportamento causa desconforto emocional, recomenda-se procurar ajuda de profissionais especializados. Já aqueles que não tem problemas com alguns toques, mas têm aversão ao abraço especificamente, a sugestão é se esforçar para aceitá-lo e lidar com o mal-estar temporário. “Você pode muito bem perceber sentimentos de alívio, gratidão, surpresa e aceitação depois do abraço, e até mesmo se arrepender por ter se fechado por tanto tempo”, disse Suzanne.

Benefícios do abraço

Estudo de 2015, realizado pela Carnegie Mellon University, nos Estados Unidos, descobriu que abraçar pode tornar as pessoas menos propensas a adoecer. Segundo os pesquisadores, 32% da melhora no sistema imunológico dos participantes provinham dos efeitos positivos do abraço, que tem potencial para aliviar o estresse. “Aqueles que recebem mais abraços são um pouco mais protegidos de infecção”, concluíram os cientistas.

No entanto, se esse argumento não for suficiente, uma pesquisa de 2014, publicado no American Journal of Infection Control, descobriu que bater punhos é a forma mais higiênica de saudação, além de requerer contato mínimo.

Vamos tentar?

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