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Em pesquisa, Brasil fica com a terceira posição em porcentual de ex-fumantes

Maior levantamento mundial sobre uso do tabaco aponta que 46,4% dos homens e 47,7% das mulheres haviam largado o cigarro

Por Da Redação
17 ago 2012, 20h27

O Brasil é o terceiro país com maior índice de ex-fumantes, de acordo com o maior levantamento global já feito sobre o uso do tabaco. Segundo o estudo, publicado nesta quinta-feira no periódico médico The Lancet, 46,4% dos homens e 47,7% das mulheres que disseram já ter fumado diariamente haviam largado o cigarro. O país está atrás apenas do Reino Unido (57,1% e 51,4%, respectivamente) e dos Estados Unidos (48,7% e 50,5%).

Opinião do especialista

João Roberto de Brito Jardim

Pneumologista e responsável clínico do Núcleo de Prevenção e Cessação do Tabagismo (PrevFumo) da Unifesp

“Os dados da pesquisa vêm corroborar uma tendência cada vez mais forte no Brasil: já temos mais ex-fumantes do que fumantes. O Brasil é um dos países que têm visto a taxa de fumantes cair de maneira rápida nos últimos anos. Isso se deve em parte a políticas públicas, mas também à preocupação cada vez maior do brasileiro com a saúde.

Essa inversão entre fumantes e ex-fumantes está acontecendo na grande maioria dos países. Mas acredito que para os próximos anos a taxa de redução dê uma desacelerada. E isso deve acontecer porque os dois primeiros grupos de fumantes, que fumam por hábito e prazer, são aqueles que conseguem largar o vício mais rápido. Tem sobrado agora o terceiro grupo, aquelas pessoas com vício farmacológico, muito mais complicado de abandonar.”

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Coordenado por Gary Giovino, diretor do Departamento de Saúde Comunitária e Comportamento em Saúde da Escola de Saúde Pública da Universidade Estadual de Nova York em Buffalo, nos Estados Unidos, e autoridade internacional no estudo do tabaco, o levantamento analisou informações de três bilhões de pessoas, entre 2008 e 2010, de 16 países – dos quais, 14 eram países de baixa e média renda (Brasil, Bangladesh, China, Egito, Índia, México, Filipinas, Polônia, Rússia, Tailândia, Turquia, Ucrânia, Uruguai e Vietnã). Dados dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha foram usados como comparativos.

“Na ausência de ações efetivas, cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo irão morrer prematuramente no próximo século pelo uso do tabaco”, diz Giovino. Segundo ele, a maior parte dessas mortes e os custos de saúde e econômicos que virão com elas serão suportadas por países de renda baixa e média. No último século, 100 milhões de pessoas morreram prematuramente devido ao uso do tabaco, aponta a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Entre os principais resultados encontrados no estudo, viu-se que 49% dos homens e 11% das mulheres fazem uso do tabaco (fumado, sem fumaça ou ambos). Embora os índices de uso ainda sejam menores entre as mulheres, elas estão começando a fumar tão cedo quanto os homens – por volta dos 17 anos, e não mais aos 20. Apesar de ser consumido de diversas maneiras, de mascado a enrolado à mão, a maioria dos usuários (64%) faz uso de cigarros industrializados.

A China tem o índice mais elevado de usuários, com 301 milhões (52,9% dos homens), seguida da Índia, com 274 milhões (47,9% dos homens). As taxas de pessoas que largaram o vício são mais altos nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, assim como no Brasil e no Uruguai. Esses índices são mais baixos na China, Índia, Rússia e Egito.

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Marketing – “Nossos dados refletem os esforços da indústria para promover o uso do tabaco”, diz Giovino. Para o especialista, campanhas de marketing fazem o cigarro parecer glamoroso, especialmente para as mulheres. “O marketing equipara o uso do tabaco com os temas ocidentais, tais como liberdade e igualdade de gêneros.” Segundo ele, a indústria também influencia os governos a recuarem em regulamentações anti-tabaco.

O alto consumo de cigarros industrializados é também um resultado direto da sofisticada tecnologia de manipulação, de acordo com o estudo. “Esses produtos são tecnologicamente criados para mascarar aspereza, fornecer sensações particulares de sabor e aumentar a liberação de nicotina.”

Brasil – No levantamento publicado no The Lancet, 21,6% dos homens brasileiros e 13,1% das mulheres admitiram ser fumantes. Dados divulgados em abril desde ano pelo Ministério da Saúde, no entanto, mostram que o índice já é menor que o divulgado pelo The Lancet. Segundo a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), 18,1% dos homens e 12% das mulheres afirmam ser fumantes.

No vídeo abaixo (em inglês, com legendas em português), Giovino fala sobre a pesquisa:

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