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Droga utilizada há 20 anos no Brasil pode ajudar no combate ao diabetes tipo 2

A diacereína, remédio utilizado no tratamento da artrite, ajuda a reduzir o problema de resistência à insulina

Por Marco Túlio Pires, de Águas de Lindóia
30 ago 2010, 09h06

Os testes em humanos devem começar até o fim do ano

Uma equipe de pesquisadores da Unicamp está prestes iniciar os testes com o que pode ser um forte aliado na luta contra o diabetes tipo 2. Trata-se de um remédio utilizado há 20 anos no Brasil para o tratamento de artrite, a diacereína. Esse remédio é responsável por diminuir as inflamações que atacam as articulações. A novidade é a descoberta que o efeito anti-inflamatório da diacereína pode ajudar a reduzir os efeitos do diabetes tipo 2. Eles chegaram a essa conclusão por meio de um outro remédio bastante conhecido, a aspirina.

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O diabetes tipo 2 é uma doença que se caracteriza pela resistência do indivíduo à insulina, hormônio que regula a taxa de glicose no sangue. O tipo 1 caracteriza-se pela falta absoluta de insulina no sangue do paciente, e representa apenas 10% dos casos de diabetes no mundo, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde). Isso quer dizer que a cada 10 pessoas com diabetes, 9 desenvolveram o tipo 2. Entre as causas mais comuns da doença está o consumo excessivo de gorduras e o sedentarismo. Com muito açúcar no sangue, o pâncreas começa a produzir muita insulina para dar conta do volume. “A obesidade, que pode ser provocada pela dieta descontrolada, provoca um fenômeno inflamatório subliminar no corpo do paciente que dificulta a absorção de insulina”, explicou o doutor Mário José Saad, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e coordenador da pesquisa. É por isso que a grande quantidade de gordura no corpo do indivíduo está diretamente relacionada com o desenvolvimento do diabetes tipo 2.

O grupo coordenado por Saad, induziu o tipo 2 da doença em ratos de laboratório, com uma dieta rica em gorduras e os tratou com altíssimas doses de aspirina, para verificar se o processo inflamatório seria alterado. Normalmente, uma dose de aspirina para um ser humano pode chegar a 500mg. A dose administrada nos animais foi, proporcionalmente, 14 vezes maior. Em seres humanos, uma dose nessa quantidade causaria sangramento gastrointestinal e zumbidos no ouvido como efeitos colaterais. Os cientistas perceberam nesse modelo de tratamento que a aspirina era capaz de bloquear uma das vias de inflamação que dificultam a absorção de insulina, por meio de um complexo de proteínas chamado NF -kB.

Segundo Saad, essa foi a prova de que algumas drogas anti-inflamatórias poderiam ser boas aliadas na luta contra o diabetes tipo 2. Como a aspirina apresenta efeitos colaterais fortes quando administrada em altas doses, o grupo de pesquisa da Unicamp se concentrou em outra droga que atua no mesmo complexo proteico, a diacereína. Esse remédio é utilizado no Brasil desde 1990 para o tratamento de artrite e, de acordo com a tese de doutorado da médica Natália Tobar, integrante da equipe de Saad, os resultados são promissores em animais para combater o diabetes tipo 2.

Tratamento – Agora, os médicos da Unicamp já encaminharam um pedido ao conselho de ética da universidade para iniciarem um estudo em humanos com a intenção de provar que o modelo da diacereína aplicado em animais de laboratório pode ser reproduzido em pacientes diabéticos. De acordo com Saad, a ideia inicial é que o tratamento seja terapêutico tratando os sintomas da doença. Mas como a droga ajuda a sanar o problema de resistência à insulina, pode ser que no futuro ela seja usado em pessoas que não são diabéticas, mas tenham níveis de glicemia próximos da doença. Assim, seria possível prevenir o diabetes tipo 2, caso outras medidas, como exercício físico e alimentação, não estejam contribuindo para o tratamento.

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Saad afirmou que os testes em humanos podem começar até o fim do ano, mas alertou que a diacereína não deverá ser utilizada como droga para iniciar o tratamento do diabetes tipo 2. Ele explicou que a maioria das doenças crônicas, incluindo o diabetes, são tratadas com a associação de dois remédios ou mais. “Atualmente temos a droga de preferência para o tratamento do diabetes tipo 2, chamada metformina. Vamos verificar se a diacereína pode ser utilizada em conjunto para reduzir ainda mais os sintomas nos pacientes”, disse Saad. O médico está confiante nos resultados do tratamento. Para ele, a diacereína resolve uma equação complexa para o tratamento de uma doença tão comum. “Ela é eficaz, apresenta poucos efeitos colaterais e acima de tudo, é barata. Ou seja, todos poderão ter acesso.”

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