Contrariando apelos da Organização Mundial da Saúde (OMS), diversos países já iniciaram a aplicação da dose de reforço na população. Israel, um dos pioneiros na iniciativa, publicou nesta quarta-feira, 15, os primeiros dados que comprovam a eficácia da estratégia em idosos.
“Neste estudo envolvendo participantes com 60 anos de idade ou mais, encontramos que as taxas de casos confirmados e de casos graves de Covid-19 foram substancialmente mais baixas após uma (terceira) dose de reforço da vacina BNT162b2 [vacina da Pfizer-BioNTech] do que após duas doses”, concluíram os autores, em artigo publicado no renomado periódico científico New England Journal of Medicine.
Dados referentes a 1.137.804 pessoas a partir de 60 anos de idade, que haviam concluído o esquema de vacinação com duas doses há pelo menos cinco meses, foram coletados entre 30 de julho e 31 de agosto de 2021. Os resultados mostraram que 12 dias após a dose de reforço, a taxa de infecção sintomática foi menor no grupo com reforço do que no grupo sem reforço por um fator de 11,3. A taxa de doença grave foi menor no grupo de reforço por um fator de 19,5.
“Nossas descobertas podem ser entendidas por meio do exemplo a seguir. Suponha que o efeito combinado de diminuição da imunidade e o aumento da prevalência da variante delta diminua a eficácia de uma vacina que foi administrada 6 meses antes para aproximadamente 50% em relação à suscetibilidade em uma pessoa não vacinada, como relatórios recentes sugeriram. Então, suponha que, como sugerido por nossos resultados, a dose de reforço reduza a taxa de infecção para esses recipientes da vacina por um fator de 10. Isso significaria que a suscetibilidade de uma pessoa que recebe uma dose de reforço diminuiria para aproximadamente 5% em relação ao de uma pessoa não vacinada e levaria a eficácia da vacina entre os receptores de reforço para aproximadamente 95%, um valor semelhante à eficácia da vacina original relatada contra a variante alfa”, explicam os pesquisadores.
A administração da terceira dose em pessoas com mais de 60 anos em Israel começou no fim de julho, após um novo surto de coronavírus causado pela disseminação da variante Delta, identificada pela primeira na Índia. Análises feitas pelas autoridades de saúde do país mostraram uma queda na proteção da vacina da Pfizer-BioNTech, que é usada em massa em Israel, seis meses após a segunda dose. Diante disso, diversos países, incluindo Brasil e Estados Unidos, anunciaram a aplicação da dose extra.
No entanto, outro estudo, também publicado nesta quarta no New England Journal of Medicine, mostrou que apesar de um declínio gradual na eficácia da vacina, ela continua segura e fornece proteção em um período de seis meses após a conclusão do esquema vacinal. De acordo com o estudo, a eficácia da vacina contra casos sintomáticos da doença durante 6 meses de acompanhamento dos participantes do teste clínico foi de 91,3%, podendo variar de 86% a 100%, dependendo do país e características da população. Contra a doença grave, a taxa foi de 96,7%.
No Brasil, a vacina da Pfizer corresponde a 19,8% das doses aplicadas. Mas essa participação deve aumentar exponencialmente nos próximos meses, já que o governo brasileiro comprou 200 milhões de doses do imunizante. A vacina é a recomendada pelo Ministério da Saúde para aplicação da dose de reforço, independente de qual vacina tenha sido administrada anteriormente.
Na quarta-feira, 15, o Ministério da Saúde concluiu a distribuição de vacinas destinadas a aplicação da primeira dose em pessoas com 18 anos ou mais no país e está prevista para começar, nesta quinzena, a aplicação da dose de reforço em idosos a partir de 70 anos de idade e pessoas com imunossupressão. Apesar da orientação da pasta, alguns estados, como São Paulo, Bahia, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul.