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Doria sanciona lei que autoriza cesárea opcional no SUS

Projeto, de autoria da deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP), dá autonomia para que gestantes escolham a qual tipo de parto querem ser submetidas

Por Da Redação 23 ago 2019, 17h45

O governador João Doria (PSDB) sancionou nesta sexta-feira, 23, o polêmico projeto de lei que permite que grávidas do estado de São Paulo optem por fazer uma cesárea a partir da 39ª semana de gestação pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A proposta inclui a determinação de oferecer analgesia a mulheres que decidirem fazer parto normal.

O projeto de lei 435/2019 é de autoria da deputada Janaina Paschoal (PSL) e foi aprovado na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) com 58 votos favoráveis e 20 contrários. Segundo o texto do projeto, o procedimento poderá ser realizado “após ter a parturiente sido conscientizada e informada acerca dos benefícios do parto normal e riscos de sucessivas cesarianas”.

“Quero crer que esse seja o primeiro passo para levar esse direito a todas as mulheres do Brasil. Ele garante a vida e a integridade física das famílias e é para preservar a saúde física e psicológica das mulheres. É um projeto pró-vida e pró-saúde, pró-autonomia individual”, disse Janaina.

A deputada estadual mais votada da história do país ressalta também a necessidade de se investir nas maternidades para garantir “um parto melhor” e analgesia para quem optar pelo parto normal. Este é o primeiro projeto da deputada que é sancionado.

Atualmente, a cesariana é realizada no SUS quando há indicação médica, como em casos em que o bebê não está na posição correta ou por condições de saúde da mãe.

Em entrevista ao Páginas Amarelas de VEJA, Janaina defendeu a “autonomia da mulher gestante” para decidir a via de parto pela qual quer ter seu filho. “As mulheres que têm convênio e acesso à rede particular já exercem essa autonomia. As únicas que não exercem são as que dependem da rede pública”, afirmou.

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Na avaliação da deputada do PSL, as pacientes que dependem do serviço público estão submetidas a uma “ditadura do parto normal”. Ela também ressaltou a importância de um acompanhamento médico para evitar que o recém-nascido tenha complicações em seu quadro de saúde.

O projeto foi alvo de críticas de entidades médicas e movimentos que defendem a redução de cesáreas no país antes mesmo de aprovado na Alesp.

Presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp), Rossana Pulcineli diz que a lei fala em parturiente e não em gestante, de modo que a discussão sobre a via de parto pode ocorrer em um momento delicado da vida da mulher. “É algo muito grave, porque prevê que a mulher faça a sua escolha com contrações. Na parte de bioética, sabe-se que não é no momento de vulnerabilidade que o paciente vai fazer uma escolha.”

Segundo Rossana, a determinação pode ter consequências negativas para as mulheres e para o sistema de saúde. “A cesariana tem mais tempo de internação, isso vai levar a uma superlotação das maternidades, que já têm um número de leitos insuficiente. Também tem impacto na morte materna. Tem custos do tempo de internação, mais infecção, mais hemorragia e maior necessidade de internação em UTI.”

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Epidemia

O número de cesáreas é considerado epidêmico no Brasil. Segundo dados do Ministério da Saúde, 55,6% dos nascimentos no país em 2017 ocorreram por cesariana, quando o índice recomendado internacionalmente é de 10% a 15%. No mundo, o Brasil apresenta a segunda maior taxa de cesáreas, atrás da República Dominicana. Para tentar reverter o quadro, o Ministério da Saúde, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e o Conselho Federal de Medicina lançaram projetos para reduzir essa prática ao longo dos últimos anos.

Em 2016, foi apresentado o balanço de um projeto-piloto feito em 35 hospitais que conseguiu evitar 10 mil cesarianas desnecessárias em um período de um ano e meio . Em 2015, o governo criou regras para diminuir o número de procedimentos na rede suplementar, incluindo a obrigatoriedade de fazer o partograma, relatório que inclui o momento em que a mulher entrou em trabalho de parto, e determinando que as operadoras de saúde informem a quem solicitar os porcentuais de cesáreas e partos normais realizados em sua rede .

Segundo Janaína, o projeto não deve agravar a situação. “Conversei com especialistas e essa lei pode aumentar o parto normal. Por receber a analgesia, as mulheres não vão ter medo de sentir dor.”

O secretário de Estado da Saúde, José Henrique Germann Ferreira, diz que o Estado tem estrutura para realizar os procedimentos. “O projeto não significa induzir um aumento das cesáreas. Hoje, temos 43% de cesáreas e é precoce dizer que vai crescer para 60%, 65%, mas não temos impedimento (para fazer as cesáreas).”

(Com Estadão Conteúdo)

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