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Depressão, enxaqueca e até arritmia: os novos usos do Botox

A substância sai das clínicas dermatológicas para ser usada na medicina de alta complexidade

Por Thaís Botelho
Atualizado em 9 ago 2016, 13h42 - Publicado em 9 ago 2016, 13h04

Há três décadas, quando o casal de médicos canadenses Alastair e Jean Carruthers notou em seus consultórios que a toxina botulínica tipo A, o Botox, usada então para controlar contrações involuntárias na pálpebra, também suavizava as rugas da pele… o mundo nunca mais foi o mesmo. O composto tornou-se no maior sucesso nas clínicas dermatológicas ocorridos até hoje.

Para se ter uma ideia, atualmente no Brasil, mais de 300 mil mulheres e homens recorrem ao produto para disfarçar as marcas da idade, a cada ano. Um número três vezes maior em relação ao procedimento plástico predileto do sexo feminino: o aumento nos seios. Pois agora o Botox ganha espaço em áreas da medicina, digamos assim, diametralmente opostas à da estética: às de altíssima complexidade.

O Botox tornou-se ferramenta também de cardiologistas, neurologistas, ortopedistas, urologistas e até gastroenterologistas. Uma das aplicações mais novas e surpreendentes é no campo da cardiologia. Estudo publicado no “Circulation: Arrhythmia and Electrophysiology” jornal da Associação Americana do Coração, mostrou que o Botox ajuda a prevenir a arritmia quando injetado em pequenas bolsas de gordura (cheias de fibras musculares) que circundam o coração, em casos pós-cirúrgicos.

Próstata e incontinência urinária 
O tratamento da próstata é outro exemplo. A toxina botulínica tipo A é aplicada nas terminações nervosas das fibras musculares da glândula, aplacando o descompasso. A terapia passou a ser utilizada nos casos de melhora dos sintomas da hiperplasia benigna — quando a glândula tem tamanho aumentado e pode comprimir o canal urinário. O composto murcha a glândula, relaxando as fibras musculares. Ele também tem sido usado em tratamento de bexiga hiperativa – caracterizada pela incontinência urinária – com aplicação na musculatura do órgão e melhora da sensação de enchimento na bexiga.

O princípio de ação do Botox é tido como simples e seguro: quando injetado, liga-se às terminações pré-sinápticas do sistema nervoso central e inibe a liberação de acetilcolina- principal neurotransmissor responsável pela contração muscular. Assim, o Botox age bloqueando a condução do estímulo neuromuscular, levando a uma paralisia parcial e temporária do músculo.
Em julho deste ano, a Academia Americana de Neurologia (AAN) reconheceu, seis anos após a aprovação do FDA, o uso da toxina botulínica tipo A para diminuir a frequência das crises de enxaqueca – principalmente para aquelas pessoas que têm efeitos colaterais com o uso dos medicamentos convencionais. No Brasil, o Botox para esta finalidade é aprovado desde 2011.

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Enxaqueca crônica e depressão

O Botox tem se mostrado capaz de bloquear a liberação de outros neurotransmissores: aqueles associados com a origem da dor, diminuindo sua frequência e intensidade. “A ação da substância, neste caso, não é relaxar a musculatura. A ideia é diminuir a quantidade de impulsos nervosos que chegam ao cérebro, e o deixam mais sensível e suscetível a esse tipo de dor”, explica Paulo Renato Fonseca, anestesiologista e diretor da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor. “Estudos atualizados atestam que a toxina botulínica atua não apenas no bloqueio da liberação da acetilcolina, mas também de outros neurotransmissores – substâncias que auxiliam na transmissão de informações entre neurônios e, por conseguinte, no funcionamento dos órgãos”.

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Estudo conduzido pela Universidade do Texas Southwestern, em Austin, nos Estados Unidos, revelou que a toxina botulínica tem efeito antidepressivo quando colocada entre as sobrancelhas. O que poderia apenas amenizar as linhas de expressão no local, mostrou melhorias no humor de pacientes.

O efeito antidepressivo não foi apenas relacionado à aparência melhorada. Acredita-se que a aplicação do Botox seja responsável por ativar de certa forma a região límbica do cérebro. “É a região responsável por emoções e comportamentos sociais. Percebeu-se que o feedback da mudança da musculatura facial poderia modular o processamento das emoções” analisa Claudia Marçal, dermatologista.

 

 

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