Demorar para conseguir engravidar aumenta risco de problemas neurológicos no bebê, diz estudo
Problemas de fertilidade, e não técnicas de fertilização assistida, podem estar relacionados a riscos de problemas no desenvolvimento neural da criança
Casais que ficam muito tempo tentando ter filhos podem ter mais riscos de conceber bebês com problemas neurológicos leves. É o que afirma um estudo publicado no periódico Archives of Disease in Childhood. De acordo com a pesquisa, é a baixa fertilidade por si só, e não os métodos de fertilização assistida, que pode ser um fator de impacto no desenvolvimento da criança.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Increased time to pregnancy is associated with suboptimal neurological condition of 2-year-olds
Onde foi divulgada: periódico Archives of Disease in Childhood
Quem fez: Jorien Seggers, Pamela Schendelaar, Arend F. Bos, Maas Jan Heineman, Karin J. Middelburg, Maaike L. Haadsma e Mijna Hadders-Algra
Instituição: Universidade de Groningen, Holanda
Dados de amostragem: 209 crianças de dois anos de idade, cujos pais demoraram mais de um ano para conceber
Resultado: Os autores sugerem que o tempo levado até a concepção (ou seja, a baixa fertilidade) por si só, e não os tratamentos de fertilidade, estão relacionados a um aumento de 30% no risco da criança desenvolver problemas neurais leves.
Estudos anteriores já relacionaram tratamentos de fertilidade a um maior risco de parto prematuro e baixo peso ao nascer, mas, de acordo com os autores, as novas evidências indicam que a baixa fertilidade em si (demorar mais de 12 meses para atingir a concepção) pode ser a culpada.
Pesquisa – Os autores avaliaram o desenvolvimento neurológico de 209 crianças de dois anos de idade. Todas eram filhas de pais que tiveram problemas para conceber e passaram por tratamentos de fertilidade.
Foram analisadas funções motoras, postura, tônus muscular, reflexos e coordenação olho-mão nas crianças. Problemas neurológicos leves foram observados em 16 delas (7,7%) e eram mais comuns naquelas cujos pais demoraram mais para conceber: o tempo médio para esses pais foi de 4,1 anos. Já os pais das crianças que não apresentaram alterações neurológicas demoraram, em média, 2,8 anos.
Aumento do risco – De acordo com os autores, um tempo prolongado até atingir a gestação está relacionado com um aumento de 30% na chance de ter uma criança com problemas neurológicos leves. “Isso significa que os fatores associados à baixa fertilidade podem estar relacionados à origem de problemas de desenvolvimento neural”, escrevem os autores no estudo. Para eles, mais estudos são necessários antes que esse tipo de informação faça parte do aconselhamento de casais.
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