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O ato de amar ao próximo pode estar ligado a alteração genética

Estudo liderado por um neurocientista brasileiro desvendou a ação de um gene que contribui para a intolerância

Por Da redação
11 ago 2016, 16h41

Imagine se existisse um modo de tornar as pessoas mais tolerantes e atentas aos problemas alheios?  O neurocientista brasileiro Alysson Muotri descobriu que pode haver, sim, uma alteração genética capaz disso. De acordo com estudo publicado nesta quinta-feira na revista científica Nature,  o gene FZD9 pode ser o responsável pelos comportamentos individualistas, preconceituosos e intolerantes. 

No estudo, Muotri, que é pesquisador da Universidade da Califórnia em San Diego, nos Estados Unidos, investigou pacientes com a Síndrome de Williams, condição que, grosso modo, é o oposta do autismo, já que seus portadores são pessoas extremamente sociáveis, entusiasmadas, possuem uma memória admirável e são preocupadas com o próximo. Portadores dessa doença não possuem o gene FZD9.

Rara (atinge 1 a cada 10.000 nascimentos), a síndrome ocorre quando cerca de 25 genes são deletados do cromossomo 7 durante o desenvolvimento neural dos bebês. As pessoas com essa condição têm uma feição bastante característica (nariz pontudo, queixo fino, olhos grandes, boca larga), estão sempre sorrindo, não têm inibição, conversam com todo mundo, mesmo os estranhos. Têm vocabulário bastante sofisticado, mas baixo rendimento intelectual e problemas cardíacos.

Dos cinco pacientes analisados, quatro tinham a perda típica dos 25 genes (inclusive de uma das duas cópias do FZD9). O quinto paciente era um pouco diferente – ele não era supersocial. Descobriu-se que ele tinha mantido as duas cópias do FZD9, assim como ocorre com a maioria dos seres humanos. Já em em alguns autistas, há três cópias do gene.

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“Isso nos fez concluir que esse gene contribui para o preconceito ou a intolerância”, disse Muotri. Como definiu o pesquisador, o “amor pelo próximo pode ser causado por um defeito genético”.

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Os pesquisadores então produziram minicérebros para observar como se dá o desenvolvimento neural em pacientes com a Síndrome de Williams tradicional, naquele que manteve as duas cópias do FZD9, e em pessoas “normais”. Depois compararam com autistas. Na falta de uma cópia desse gene, os neurônios ficam ultraconectados e fazem um número muito maior de sinapses que nas pessoas com as duas cópias do gene. É isso que tornaria os pacientes com Williams supersociáveis.

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Os estudos agora deverão ser aprimorados para a teoria ser comprovada.

 

(Com Estadão Conteúdo)

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