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Covid-19: sucesso da vacinação depende de velocidade e adesão, diz estudo

Estudo recente mostra que apenas uma alta eficácia nos testes clínicos não garante que a vacinação contra a doença seja bem-sucedida

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 1 jan 2021, 20h06

O sucesso da vacinação no combate à Covid-19 depende mais de fatores associados à implementação da campanha de imunização do que da alta eficácia de um imunizante nos testes clínicos. A conclusão é de um estudo realizado por pesquisadores das Universidades Harvard e Yale, nos Estados Unidos.

De acordo com o estudo, publicado no periódico científico Health Affairs Journal, fatores como velocidade de aplicação da vacina, adesão da população à vacinação e gravidade da pandemia no momento da imunização têm um alto impacto no bom desempenho da iniciativa.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores criaram um modelo matemático que avaliou como outros fatores, além da eficácia, podem influenciar no sucesso de uma vacina no combate à propagação da doença. Os fatores analisados incluem: a rapidez e amplitude que uma vacina pode ser produzida e administrada, já que algumas vacinas apresentam desafios logísticos, como a necessidade de ser armazenadas em freezers ultra frios ou a necessidade de administração de duas doses, com um intervalo de semanas entre elas; a parcela da população que está disposta a ser vacinada, já que estudos indicam, em muitos países, uma baixa adesão à vacinação. Felizmente, um estudo recente mostrou que o Brasil é segundo país do mundo mais disposto a se vacinar; e, por fim, a gravidade da pandemia quando a vacina for aprovada. De acordo com os autores, a proporção de infecções que uma vacina é capaz de evitar está diretamente associada à disposição do público de seguir comportamentos de mitigação, como o uso de máscaras e o distanciamento social.

O estudo, concluiu que muito mais investimento é necessário para garantir que as vacinas aprovadas conta a Covid-19 possam ser produzidas e distribuídas de forma eficiente, além de ser necessário mais empenho para promover a confiança do público na imunização e na manutenção de cuidados preventivos contra a doença.

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Os resultados mostraram que mesmo para uma vacina com 90% de eficácia nos testes clínicos, a redução nas infecções associada à sua aplicação pode variar de 24% a 88%, dependendo da intensidade da pandemia quando a vacina for disponibilizada e da velocidade e alcance dos programas de vacinação. Além disso, os benefícios da vacinação para a população diminuirão rapidamente em face de atrasos na fabricação ou implantação, hesitação significativa da vacina ou maior gravidade da epidemia.

“Descobrimos que a infraestrutura contribuirá pelo menos tanto para o sucesso do programa de vacinação quanto a própria vacina”, disse David Paltiel, professor de saúde pública da Universidade Yale, e um dos autores do estudo. “Os benefícios da vacinação para a população diminuirão rapidamente devido aos atrasos na fabricação ou implantação, hesitação significativa da vacina ou maior gravidade da epidemia”, acrescentou.

Os autores ressaltam também que mesmo com uma vacina altamente eficaz, a adesão a medidas como uso de máscara, distanciamento físico e outras práticas de mitigação ainda será necessária por algum tempo para controlar a atual crise de saúde pública. “Se eu tiver um copo d’água, posso apagar o fogo do fogão. Mas não posso apagar um incêndio florestal, mesmo que a água seja 100% potente”, compara Rochelle Walensky, co-autora do estudo e chefe da Divisão de Doenças Infecciosas do Hospital Geral Massachusetts, ligado à Universidade Harvard, enfatizando o papel do público em manter a taxa de infecção baixa usando máscaras e praticando o distanciamento social. “Sairemos disso mais rápido se você der menos trabalho para a vacina”, finaliza.

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Diversas vacinas, como a da Moderna e da parceria Pfizer-BioNTech apresentaram uma eficácia superior a 90% nos testes clínicos. Essas vacinas já começaram a ser aplicadas, entretanto a taxa de vacinação ainda é extremamente baixa. No Brasil, a previsão de início é dia 20 de janeiro, segundo o Ministério da Saúde. Se não for possível, em um cenário “médio”, a imunização poderia ter início entre esta data e 10 de fevereiro. Em um cenário menos favorável, a vacinação no Brasil poderá ocorrer a partir de 10 de fevereiro. A projeção foi apresentada na última terça-feira, 29, pelo secretário executivo da pasta Élcio Franco.

O governo federal tem sido alvo de críticas constantes por causa do atraso na vacinação contra a Covid-19 no país. Mas, segundo o governo, como não há vacina aprovada pela Anvisa, não é possível iniciar um plano mais concreto de vacinação.

De acordo com a Anvisa, nenhuma empresa entrou com pedido de autorização emergencial ou registro final de um imunizante contra a Covid-19. A expectativa é que a Fiocruz entregue os documentos finais para o registro da vacina de Oxford/AstraZeneca à Anvisa até 15 de janeiro. O imunizante foi aprovado esta semana no Reino Unido.

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Nesta sexta-feira, 1º, o Brasil apresentou uma média móvel de 36.002,6 novos casos e 703,3 óbitos pela Covid-19.

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