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Covid-19: Por que ainda não é o momento de uma 3ª dose da vacina

Dados sobre aumento da proteção dos imunizantes após uma dose extra levantaram a discussão, mas no Brasil ainda é preciso avançar na 2ª dose

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 13 jul 2021, 20h21

Na última semana, a discussão sobre a aplicação de uma terceira dose de vacinas contra a Covid-19 esquentou, impulsionada por estudos que mostram aumento da proteção, em especial contra a variante Delta, identificada pela primeira vez na Índia. No entanto, especialistas afirmam que ainda não é hora de colocar em prática essa estratégia, principalmente no Brasil, onde a taxa de pessoas totalmente imunizadas ainda é considerada baixa.

As vacinas contra Covid-19 em uso em todo o mundo mostraram eficácia na prevenção da doença, em especial contra casos graves e óbitos, em testes clínicos. No entanto, o aparecimento de novas variantes mais transmissíveis, como a Alfa, identificada originalmente no Reino Unido; a Gamma, identificada em Manaus; a Beta, originária da África do Sul e mais recentemente, a Delta, da Índia, levantou a preocupação sobre a queda da eficácia. Desde então, as empresas produtoras de vacinas começaram a avaliar novas estratégias, como doses de reforço e formulações diferentes, para tentar aumentar a proteção.

O que dizem os estudos

Resultados preliminares destes estudos vieram a público recentemente, com resultados animadores. No fim de junho, a Universidade de Oxford anunciou que uma terceira dose da vacina desenvolvida em parceria com a AstraZeneca, administrada pelo menos seis meses após a segunda dose, aumenta ainda mais a resposta imune ao novo coronavírus. A dose de reforço resultou em maior atividade neutralizante contra as variantes Alfa, Beta e Delta (B.1.617.2).

Recentemente, a Pfizer e a BioNTech afirmaram que uma dose extra de sua vacina contra a Covid-19, administrada seis meses após a segunda injeção, amplia fortemente a proteção. Tanto que as empresas pretendem pedir aprovação da nova estratégia nos Estados Unidos e na Europa.

Autoridades de saúde israelenses anunciaram no último domingo, 11, que o país irá oferecer uma dose de reforço da vacina da Pfizer-BioNTech para pessoas com o sistema imunológico debilitado, segundo informações da Reuters. A oferta para toda a população ainda está em avaliação. O Reino Unido também avalia a possibilidade de aplicar uma terceira dose das vacinas da Pfizer-BioNTech e de Oxford-AstraZeneca em seus cidadãos que já completaram o esquema vacinal com duas doses.

A mudança ocorre após um estudo feito em Israel constatar que a eficácia geral da vacina Pfizer-BioNTech cai de 91% para 64% contra a variante Delta. O país, assim como os Estados Unidos, o Reino Unido e países da Europa enfrentam um aumento exponencial no número de novos casos associados à disseminação dessa nova cepa. No entanto, a proteção contra casos graves, incluindo hospitalizações, permanece alta: 93%.

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Baixa cobertura vacinal

Para o infectologista Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, faz sentido esses países, que já têm alta cobertura vacinal iniciarem essa discussão. No entanto, no Brasil, onde apenas 14,9% da população está totalmente vacinada com duas doses das vacinas de Oxford-AstraZeneca, CoronaVac ou Pfizer-BioNTech, ou uma injeção da vacina da Janssen,  até esta terça-feira, 13, não cabe essa discussão.

“Nós estamos muito longe de pensar em terceira dose para alguém nesse momento.  Mas certamente essa é uma discussão quente para 2022”, afirma o Kfouri. Mesmo com a chegada de novas variantes que podem ser menos suscetíveis às vacinas, é mais importante para o controle da pandemia aumentar a quantidade de pessoas vacinadas, para chegar à tão falada – e sonhada – imunidade de rebanho – do que aumentar a proteção de forma individual, em um pequeno grupo de pessoas.

“A proteção não é individual. Os países que controlaram a pandemia não fizeram isso porque usaram vacinas melhores ou ou porque aplicaram mais doses e sim porque atingiram altas coberturas de vacinação. Basta ver o caso de Serrana. O que controla a doença e aumenta a efetividade da campanha de vacinação é não ter registro de casos e isso se dá com uma vacinação mais ostensiva Por isso, o que precisamos agora é, no menor tempo possível, alcançar uma maior cobertura vacinal”, explica o especialista.

Autoridades de saúde são contra

Vale lembrar que as novas variantes surgem justamente porque o vírus continua circulando em pessoas suscetíveis e o único jeito de acabar com a circulação é aumentar o número de pessoas imunizadas, por meio da vacinação. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que o regime de vacinação estabelecido atualmente é suficiente. “Pode ser que você precise de reforços depois de um ou dois anos. Mas neste ponto, seis meses após a dose primária, não parece haver qualquer indicação ”, disse Soumya Swaminathan, cientista-chefe da OMS, em coletiva de imprensa.

A entidade também reforça que, neste momento, é mais importante expandir a vacinação para locais onde as taxas ainda são muito baixas ou inexistentes do que aplicar uma dose extra em pessoas totalmente vacinadas. O diretor-geral da OMS, Tedros Gebreyesus, relembrou que o mundo todo só estará seguro quando todos os países tiverem controlado a pandemia. Usando a metáfora de uma floresta em chamas, ele reiterou que o mundo precisa acabar com o “inferno pandêmico” de forma unida, porque apagar apenas uma parte dele reduzirá as chamas em uma área, mas enquanto estiver queimando em outra parte, “as faíscas irão eventualmente viajar e crescer novamente em uma fornalha que ruge”.

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Até mesmo as agências de saúde dos países citados acima, afirmam que uma terceira dose ainda não é necessária. A Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês) compartilha da mesma opinião que a OMS. Em uma rara declaração conjunta, a FDA, agência que regula medicamentos nos Estados Unidos, e os Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos EUA, disseram que os americanos que completaram o esquema de imunização não precisam de uma injeção de reforço neste momento.

Especialistas também alertam para a possibilidade de aumento da incidência de eventos adversos com uma dose de reforço em um período tão curto. “Estamos muito interessados ​​em saber se uma terceira dose pode ou não estar associada a qualquer risco maior de reações adversas, particularmente alguns dos mais graves – embora muito raros – efeitos colaterais”, disse Jay Butler, vice-diretor do CDC, durante coletiva de imprensa.

Confira o avanço da vacinação no Brasil:

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