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Conheça a adenomiose, problema ginecológico mais doloroso que o parto

Apesar de não ser muito conhecida, doença pode acometer uma em cada dez mulheres no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)

Por Da Redação
Atualizado em 23 jul 2018, 17h41 - Publicado em 23 jul 2018, 16h36

A endometriose, doença caracterizada pelo crescimento do endométrio (tecido que reveste o útero) para fora do órgão é um problema já conhecido pelas mulheres. Entretanto, as células do revestimento do útero podem sofrer, ainda, com outro transtorno, pouco familiar: adenomiose. O problema ocorre quando as células do endométrio se incrustam nas fibras musculares da parede uterina, ou seja, ao invés de crescer para fora do revestimento do órgão, elas crescem para dentro do músculo uterino.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada dez mulheres no mundo pode sofrer com a doença, que muitas vezes não manifesta sintomas, fazendo com que cerca de um terço delas nem saiba da existência do problema. Quando os sinais aparecem, porém, costumam causar dor intensa. No Brasil, estima-se que 150.000 casos sejam registrados anualmente. 

Sintomas

Os dois sintomas mais comuns da adenomiose são menstruação abundante e forte dor pélvica. Durante o ciclo menstrual, as células incrustadas na parede uterina são estimuladas, o que causa cólicas menstruais e sangramento mais grave do que o habitual. Os sintomas da doença variam ao longo do ciclo menstrual por causa dos níveis de estrogênio em ascensão e queda, afetando a liberação do revestimento do útero. Outras manifestações incluem sangramento fora do período menstrual, dor durante o sexo, cólicas menstruais fortes, útero aumentado e dolorido, entre outros.

A doença, cujas possíveis causas incluem desenvolvimento fetal, inflamação e tecido invasivo, pode afetar qualquer mulher em idade fértil.

Diagnóstico

O problema pode ser detectado por ultrassonografia transvaginal ou ressonância magnética, considerada a melhor maneira de observar o músculo interno do útero. Entretanto, como é pouco conhecida e frequentemente confundida com outras doenças pélvicas, a adenomiose demora para ser diagnosticada, na maioria dos casos.

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Depois dos exames de imagem, o médico pode solicitar uma biópsia endometrial para testar o tecido. O objetivo da biópsia é descartar outras possíveis causas dos sintomas, como miomas. O diagnóstico definitivo só é possível quando a mulher faz uma histerectomia – remoção do útero – para que ele seja analisado por um patologista com o auxílio do microscópio.

Tratamento

De acordo com o Medical News Today, na ausência de sintomas, se a mulher estiver perto da menopausa ou se não estiver tentando engravidar, não há necessidade de tratamento. Já para aquelas que sofrem com muitas dores, as opções de tratamento são:

  • Anti-inflamatórios, que podem reduzir a dor e o desconforto;
  • Tratamentos hormonais: pílulas anticoncepcionais orais, DIU de progestógeno ou injeção (Depo-Provera) podem ajudar a diminuir os sintomas. Também é possível usar medicações que induzam a menopausa falsa ou temporária, mas eles não são recomendados para uso a longo prazo.
  • Embolização uterina: envolve colocar um tubo em uma artéria principal na virilha e injetar pequenas partículas na área afetada pela adenomiose; isso impede que o suprimento de sangue atinja a área afetada, o que reduz os sintomas.

Apesar das possibilidades, a histerectomia é considerada a única “cura” para a adenomiose. A opção não é indicada para mulheres jovens que ainda não têm filhos.

Dor dez vezes pior que o parto

Em entrevista à BBC, três britânicas –  Zélie, Lisa e Jennifer – contaram como é conviver com a adenomiose. “Eu não podia usar nada além de calças pretas no trabalho. E ainda assim eu sangrava tanto que tinha que voltar para casa e mudar de roupa na metade do dia. Já sangrei diversas vezes no sofá de amigos. Sofri dessa doença por anos”, contou Jennifer.

Além das fortes dores pélvicas e cólicas menstruais intensas, muitas pessoas desconhecem a doença e a melhor forma de cuidar de quem sofre com o problema. “Uma vez senti tanta dor que tive de chamar a ambulância. Quando vieram, pensaram que eu deveria ter apendicite. Eu falei que tinha adenomiose, mas eles não sabiam o que era isso. Toda vez que eu tive de ir ao hospital e precisei responder qual era o nível da dor, eu sempre disse a mesma coisa: é dez vezes pior que o parto”, comentou Zélie.

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“A dor era tão forte que às vezes eu tinha pensamentos suicidas. É impossível ignorar a dor, ela afeta todas as facetas de sua vida. Eu precisava planejar cada saída (de casa) como se fossem operações militares”, completou Lisa. Segundo o Medical News Today, os sintomas costumam desaparecer ou melhorar após a menopausa, quando os níveis de estrogênio da mulher diminuem naturalmente.

“Estou vivendo minha vida como nunca antes. Posso correr com meus filhos no parque, fazer coisas que antes eu não podia. Apesar de não ter útero, me sinto mais mulher que nunca”, contou Jennifer à BBC

Para essas mulheres, o apoio de amigos e familiares, e também de outras pessoas que sofrem com a adenomiose, é fundamental. “É uma doença que pode fazer você se sentir completamente isolada. Por isso, é muito importante criar grupos de apoio no Facebook e conversar com outras mulheres que também estão sofrendo. Graças a essa rede de apoio, não me sinto sozinha”, disse Lisa.

Adenomiose X endometriose

Apesar de serem parecidas, existem algumas diferenças entre a adenomiose e a endometriose. Na adenomiose, as células que revestem o útero se desenvolvem no músculo do útero. Na endometriose, essas células crescem fora do útero, às vezes nos ovários e trompas de falópio.

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Além disso, a endometriose ocorre mais frequentemente em mulheres na faixa dos 30 e 40 anos; já a adenomiose aparece mais em mulheres entre 40 e 50 anos. Também é possível que uma mulher sofra com os dois problemas, cujos sintomas costumam diminuir após a menopausa.

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