Como podemos reaproveitar medicamentos existentes em futuras pandemias?
Pesquisadores utilizam ferramenta de inteligência artificial que identifica substâncias capazes de evitar e controlar novas ameaças
Em três anos de pandemia, a Covid-19 mostrou, entre várias coisas, como a sociedade está suscetível a uma ameaça viral. Uma resposta imunológica foi administrada em tempo recorde, mas, muitos esforços e vidas foram perdidas no caminho. Com o intuito de permitir uma resposta ainda mais rápida às crises de saúde pública, pesquisadores da Universidade de Nova York criaram uma ferramenta algorítmica baseada em inteligência artificial (IA), relatada na revista Heliyon, que calcula como reaproveitar efetivamente os medicamentos atuais para combater esse vírus e futuras pandemias.
“Identificar e selecionar os melhores candidatos com antecedência pode potencialmente ajudar a adiar experimentos caros e demorados, assim como ensaios clínicos, facilitando o desenvolvimento de itens específicos para doenças”, escreveram os pesquisadores, que desenvolveram uma ferramenta de biologia de sistemas chamado Phenotype Simulator (Phensim), que simula uma infecção específica do tecido das células hospedeiras – no caso do SARS-CoV-2 – e realiza uma série de experimentos em computador para determinar os efeitos virais e identificar os melhores medicamentos para reaproveitamento.
Utilizando o Phensim, os cientistas já catalogaram vários remédios potenciais para a Covid-19, por exemplo, incluindo metilprednisolona e metformina. Eles também confirmaram a efetividade comparando seus resultados com estudos in vitro publicados recentemente e concluíram que a ferramenta, e outras estratégias de reaproveitamento, podem fornecer uma abordagem eficaz para direcionamento rápido em novas intervenções.
“Não há bala de prata para derrotar a pandemia da Covid-19, pois ela nos leva a uma montanha-russa de mortes e devastação da saúde pública”, observou a imunologista e autora principal Naomi Maria. “No entanto, graças ao Phensim, conseguimos modelar a infecção por SARS-CoV-2 e identificar vários candidatos atualmente disponíveis como potencialmente eficazes na luta contra o próximo surto”.