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Com essencial papel contra a Covid-19, as máscaras vieram para ficar

Elas têm tudo para ganhar espaço no arsenal para frear muitos outros vírus transmitidos pelo ar 

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 jul 2022, 17h08 - Publicado em 17 jun 2022, 06h00

Em ilustrações e fotos de pandemias que dizimaram populações ao longo da história, veem-se pessoas tentando se proteger das invisíveis partículas que podem carregar micróbios letais cobrindo o rosto de modos variados. Da estranha versão com um bico semelhante ao de um pássaro adotada por médicos durante a peste bubônica (1347-1353), doença que ceifou a vida de um terço da população europeia, passando pela gripe espanhola (1918-1920) e seus mais de 50 milhões de mortos, as máscaras se tornaram acessório fundamental para evitar infecções em períodos críticos. Não foi diferente com a Covid-19, que disseminou a cobertura facial por todo o planeta. Neste terceiro ano de pandemia, agora sob o domínio da variante ômicron e suas sublinhagens altamente transmissíveis, o item entrou no esquema previsto pelos especialistas, que indicam seu uso seletivamente.

O primeiro critério a observar é a curva pandêmica. Se ela está em alta, como agora no Brasil e noutros cantos, recomenda-se cobrir a face para frear o vírus. Quando a contaminação arrefece, faz sentido flexibilizar a utilização. Pois foi justamente a elevação dos casos, aliada ao retorno de outras doenças que o acessório pode ajudar a bloquear, que o colocou de novo no centro de um aquecido debate: afinal, vale a pena incorporá-lo à rotina de prevenção contra males respiratórios, tal qual fazem japoneses, chineses e outros tantos asiáticos? A resposta é sim, sempre que houver a eclosão de um surto ou na situação de alguém adoecido, para não passar o vírus adiante.

arte máscaras

Uma recente decisão dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) elevou as labaredas ao recomendar o uso de máscaras por todos para evitar a contaminação pelo vírus da varíola dos macacos — foram mais de 1 600 casos entre humanos de maio até agora —, mesmo não sendo respiratório. E dá-lhe polêmica. Ainda não há, nesse caso, dados suficientes que sustentem o risco de infecção por aerossóis, como ocorre com a Covid-19, justamente quando as máscaras são mais do que bem-vindas. O que está estabelecido é que a principal forma de contágio aí ocorre pelo contato com as lesões em situações de alta proximidade, como no ato sexual. Pressionado, o CDC substituiu a “recomendação” por uma “sugestão” de que as máscaras sejam adotadas por pessoas que moram sob o mesmo teto do paciente e por profissionais de saúde. “Como esse não é um vírus respiratório, provavelmente não vai demandar o uso generalizado de máscara, mas tudo pode mudar”, pondera Julio Croda, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical.

É CULTURAL - Transporte público no Japão: as máscaras estão por toda a parte -
É CULTURAL - Transporte público no Japão: as máscaras estão por toda a parte – (Carl Court/Getty Images)

No rol das enfermidades provocadas por patógenos comprovadamente transmitidos por aerossóis, como o influenza, causador da gripe, e o VSR, grande responsável por infecções respiratórias em bebês, a história é outra. Para conter a disseminação dessas doenças, o ideal é utilizar máscaras em recintos fechados, sobretudo em fases de elevada taxa de contaminação. Sua efetividade já foi vastamente testada. No ano passado, quando o uso de máscaras era obrigatório em razão do coronavírus, o governo de São Paulo atribuiu ao acessório parte da explicação pela queda de 99% nos casos do altamente contagioso sarampo. Na literatura científica, são fartas as evidências de sua eficácia. Uma das mais importantes veio de uma revisão de 21 estudos realizada na Universidade Médica de Anhui, na China, concluindo que as máscaras reduzem o risco de infecção por vírus respiratórios em 80%. “A capacidade delas de capturar a partícula que carrega o vírus pode ser observada em qualquer doença que se transmite pelo ar e por aerossol”, afirma o pesquisador Vitor Mori, da Universidade de Vermont, nos Estados Unidos.

Uma questão que pesa contra sua adoção mais ampla no Brasil é, primeiro, o fato de não fazer parte do caldo de cultura local e, depois, a persistência de uma pandemia que gera cansaço e uma natural aversão a tudo que se associa a ela — máscaras aí incluídas. É compreensível. O item ingressou na rotina da população de maneira abrupta, obrigatória, em um momento assustador. Não houve, de pronto, nem tempo para que as pessoas o assimilassem como algo benéfico. Demorou para que seu valor na contenção da Covid-19 fosse captado. As máscaras eram, ao contrário, vistas por muitos como símbolo das restrições impostas no dia a dia. Existe um consenso de que vai levar anos até que acabem incorporadas aos hábitos do brasileiro, como forma de proteção individual e coletiva. Sopra a favor o inequívoco papel que desempenharam na pandemia, o que hoje muita gente já reconhece, aceitando a ideia de que, sim, elas vieram para ficar.

Publicado em VEJA de 22 de junho de 2022, edição nº 2794

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