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Cirurgias plásticas: começou a temporada de busca pela perfeição

Os corpos bonitos do verão começam a ser esculpidos durante o outono e inverno. O clima mais ameno, a menor exposição ao sol e as férias escolares deixam as salas de cirurgia lotadas

Por Aretha Yarak e Guilherme Rosa
14 Maio 2012, 07h30

Uma grande parcela dos corpos perfeitos que desfilam nas praias no verão é resultado de uma maratona que passa longe das academias de ginástica. Começa meses antes, durante o outono e o inverno. Todo ano, nesse período, as clínicas de cirurgia plástica têm um movimento até 40% maior graças a pacientes que procuram principalmente lipoaspiração, aumento dos seios, abdominoplastia e correções no nariz e nas pálpebras.

Para se ter uma ideia do volume a mais que as cirurgias de inverno representam, segundo os dados mais recentes, divulgados pela Sociedade Internacional de Cirurgiões Plásticos Estéticos, os mais de 5.000 cirurgiões plásticos brasileiros realizaram 1,6 milhão de cirurgias em 2009, quase 17% de todos os procedimentos cirúrgicos realizados no Brasil (veja gráfico abaixo). O Brasil é o segundo país onde são realizadas mais cirurgias plásticas, com 1.592.106 procedimento por ano. Só fica atrás dos Estados Unidos, com 1.620.855.

cirurgia-plastica-brasil-info
cirurgia-plastica-brasil-info (VEJA)

A preferência pelo intervalo entre o fim de maio e o começo de agosto se dá por razões práticas e médicas. Os três meses que separam o período do verão são suficientes para os pacientes se recuperarem plenamente e evitar os efeitos potencialmente nocivos do sol e do calor durante o pós-operatório. “Nessa época, é natural que exista uma menor exposição ao sol. Isso ajuda a evitar possíveis manchas na pele e na cicatriz”, explica o cirurgião plástico Miguel Sorrentino. Além disso, quando a temperatura ambiente está mais elevada há vaso dilatação – e consequente maior inchaço.

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Os dias abafados do verão ainda representam um incômodo extra para quem se submete a uma cirurgia plástica. A cinta usada depois da operação é grossa, apertada e esquenta muito. A esses fatores junta-se o fato de que as férias escolares aumentam o tempo de repouso dos pacientes, já que não precisam levar e buscar os filhos diariamente.

As férias podem ser ainda uma saída para driblar o choque da mudança. Ao se ausentarem por um tempo da vida social e profissional, os pacientes conseguem esconder o período de inchaço e marcas. “Quando retornam de férias, com o rosto retocado ou depois de uma lipo, é mais fácil passar despercebido”, diz Ronaldo Golcman, chefe da equipe de cirurgia plástica do Hospital Israelita Albert Einstein.

Os homens também usam o inverno para esse tipo de ‘escapada’. De acordo com o último censo feito pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), referente a 2008, eles respondiam por 12% do total de cirurgias plásticas realizadas no país. “Atualmente, esse porcentual já deve chegar aos 15%”, diz José Horácio Aboudib, presidente da SBCP. Entre os procedimentos mais procurados estão o implante de cabelo, a lipoaspiração e as cirurgias de pálpebra e de face.

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Transformação – Para aproveitar as vantagens de operar no inverno, alguns pacientes optam por fazer mais de um procedimento ao mesmo tempo. As associações mais comuns são aquelas feitas em regiões do corpo que estão próximas, como mama e barriga. “Essas duas áreas evidenciam uma a outra. Se você tem uma deformidade na mama e uma barriguinha, a operação na mama vai chamar a atenção para a barriga”, diz Golcman. Mas é possível ainda, sem aumento de riscos ao paciente, realizar uma cirurgia na região do tronco, como o abdome, e outra no rosto. “Não é frequente, mas é algo que pode ser feito”, diz.

Operações muito longas, entretanto, não são recomendadas. Isso porque elas podem potencializar os riscos inerentes a qualquer procedimento cirúrgico. De acordo com os especialistas, o ideal é que a plástica não passe de cinco horas. Acima disso, aumentam os riscos de complicações, como possíveis casos de tromboses e de hipotermia.

Quem não pode

Há uma série de fatores que aumentam o risco de quem passará por uma cirurgia plástica. Saiba quais são eles

  1. •Não se deve tomar aspirina nem ervas medicinais 2 semanas antes e 2 semanas depois da cirurgia. Elas aumentam o risco de sangramentos. O mesmo vale para pessoas com distúrbios de coagulação, como hemofilia e coagulopatias
  2. •Quem se submeterá a cirurgias na face e no abdome não deve fumar 1 mês antes/depois da cirurgia, sob o risco de aumentar as chances de necrose da pele
  3. •Álcool também deve ser evitado 2 semanas antes/depois. As bebidas alcoólicas aumentam a retenção de líquido pelo corpo, favorecendo o inchaço depois da cirurgia
  4. •Quem tem anemia não pode passar por nenhuma cirurgia. A doença acarreta graves problemas de cicatrização
  5. •Portadores de doenças crônicas descompensadas. Quem tem diabetes pode ter problemas de cicatrização e quem tem problemas cardiorrespiratórios pode enfrentar problemas com a anestesia
  6. •Os remédios para acne precisam ser suspensos 6 meses antes. Eles aumentam o risco de queloides
  7. • Não há problema em tomar sol antes da cirurgia, mas nos 2 meses após a operação é preciso evitar, por causa do inchaço

Fonte: Alan Landecker, especialista em cirurgia plástica pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica

Plásticas sucessivas também representam perigo. Toda operação cria um tecido de cicatrização. Qualquer cirurgia no mesmo local que aconteça depois é mais complicada. “Há riscos dessa segunda cicatriz ter uma ‘qualidade inferior’: a cicatrização pode ser pior, ela pode ficar mais feia, pode demorar mais para fechar. Quando, por exemplo, são feitas três operações no mesmo lugar, há risco de necrose do tecido local, de depressões, de perda de elasticidade, da cicatriz ficar alargada (em vez de um risquinho, fica uma faixa mais larga) e de uma menor vascularização”, afirma o cirurgião Alan Landecker, membro da Sociedade Internacional de Cirurgiões Plásticos Estéticos.

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Hora extra – De maio a agosto, o número de cirurgias aumenta tanto que algumas clínicas chegam a ter dificuldades para marcar novos procedimentos. Na clínica onde trabalha o cirurgião André Colaneri, para ser atendido nessa época do ano, o paciente precisa marcar a operação com mais de um mês de antecedência. “Em média, faço 18 cirurgias por mês. Mas só em julho do ano passado fiz 30”, diz.

Os grandes centros também costumam sentir a diferença do período. Ano passado, por exemplo, o Hospital Albert Einstein teve 39% mais plásticas no período de maio a agosto, comparado ao quadrimestre de dezembro a março (verão). Para responder a essa demanda, os cirurgiões costumam aumentar a jornada de trabalho, atendendo em finais de semana e feriados. Há casos ainda onde há uma reformulação no processo de trabalho, como na clínica Ivo Pitanguy, no Rio de Janeiro. No local, os atendimentos de consultório e do pós-operatório costumam ser redirecionados a colaboradores devidamente treinados.

Rejuvenescimento sem cortes

Botox
Botox (VEJA)

As plásticas de face, com o lifting e a blefaroplastia (correção da pálpebra), estão sendo feitas cada vez mais tarde – por homens e mulheres. Isso se deve a melhor terapia dermatológica disponível hoje em dia, que conta com cremes mais eficazes e tratamentos menos invasivos. Entre esses procedimentos, os mais procurados no período de maio a agosto são os lasers, o peeling e a depilação a laser – que podem ter um aumento na procura de até 50%. “Os processos que deixam a pele mais avermelhada e mais sensível, como os laser, tendem a ser feitos nesse período porque é mais fácil fugir do sol”, diz a dermatologista Shirlei Borelli.

O laser e o peeling são costumeiramente usados para rejuvenescer a pele, tirar rugas, manchas e cicatrizes causadas pela acne. A vermelhidão característica do procedimento tende a durar três semanas, período em que é essencial se proteger contra o sol. Do contrário, a paciente corre riscos de ficar com manchas no rosto.

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Já a depilação a laser tende a ser mais procurada no inverno porque a pele bronzeada pode “enganar” o laser. De acordo com Eliandre Palermo, diretora da Sociedade Brasileira de Cirurgias Dermatológicas (SBCD), o equipamento é calibrado na primeira sessão e vai tendo sua energia aumentada gradativamente. “Se o paciente aparece no meio do tratamento mais bronzeado, o médico perde o parâmetro”, diz Eliandre. Em alguns casos, essa disparidade pode levar a queimaduras, bolhas e manchas.

Leia também:

Pele mais jovem com laser CO2 fracionado

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