Chiclete para evitar a disseminação da Covid-19? Temos
Pesquisadores estudam goma de mascar medicinal que tem o poder de absorver partículas virais do novo coronavírus na saliva de pessoas infectadas
Símbolo de rebeldia entre os anos 50 e 80, o chiclete andava um pouco em baixa recentemente. A pandemia e o uso das máscaras acabaram tirando a graça da goma de mascar. Uma tímida retomada até estava sendo notada pela indústria, mas o que pode realmente tirar o doce da inércia é se tornar o veículo de um paliativo para a disseminação de Covid-19. Ao menos é o que estão estudando cientistas da Universidade da Pensilvânia. Os pesquisadores publicaram detalhes do estudo em novembro, na revista científica Molecular Therapy.
Já é sabido que pessoas infectadas com Covid-19 têm altos níveis do vírus na saliva. Diante da evidência, os pesquisadores desenvolveram uma goma de mascar experimental que captura as partículas virais da SARS-CoV-2, o coronavírus que causa a doença, ajudando a diminuir a transmissão quando os infectados respiram, falam ou tossem.
Para testar a eficácia do chiclete, os pesquisadores coletaram amostras de saliva de pacientes com Covid-19 e as misturaram com uma forma em pó do doce. Ao examinar as amostras, a equipe descobriu que a goma de mascar misturada com proteínas ACE2 absorveu as partículas virais da saliva infectada. No total, a carga viral em amostras infectadas foi reduzida em 95 porcento quando misturada com 50 miligramas de goma em pó.
O chiclete medicinal tem sabor convencional, pode ser armazenado por anos em temperaturas normais e a mastigação não danifica as moléculas da proteína ACE2, segundo os pesquisadores. O uso de goma de mascar para reduzir a carga viral na saliva, eles sugerem, aumentaria o benefício das vacinas e seria particularmente útil em países onde os imunizantes ainda não estão disponíveis ou são caras.