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Brasileiros e portugueses descobrem mutação ligada à leucemia aguda grave

Publicados na edição da revista científica Nature, os achados ajudarão a formular novas terapias para um dos tipos mais agressivos da doença

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 14 dez 2021, 19h04

Cientistas brasileiros e portugueses descobriram que um tipo agressivo de leucemia linfoide aguda (LLA), câncer mais comum em crianças, é provocado em parte por uma mutação no gene que produz uma proteína ligada à imunidade (IL-7R). “A partir de um modelo animal desenvolvido no Brasil, observamos que a ativação contínua da função da proteína IL-7R, mesmo que em níveis fisiológicos, desencadeia a proliferação exagerada de leucócitos (glóbulos brancos) da família dos linfócitos, originando a leucemia aguda grave”, diz José Andrés Yunes, pesquisador do Centro Infantil Boldrini e autor do estudo publicado nesta terça-feira 14, na revista Nature. “O achado é importante, pois tendo um maior entendimento no nível molecular da doença e suas causas genéticas, é possível propor novos tratamentos, principalmente para os casos de recidiva ou em que o tratamento convencional não funciona”, acrescenta.

Realizado por pesquisadores do Centro Infantil Boldrini (Brasil) e do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM), de Portugal – com auxílio de pesquisa concedido pela Fundação de Amparo à Pesquisa em parceria com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), de Portugal – a pesquisa mostra que a mutação no gene que codifica a proteína pode ainda estimular novas alterações em outros genes, fazendo com que a leucemia avance. “A mutação da IL-7R não é suficiente para originar a leucemia. Existem outros genes que também estão envolvidos na doença. Para que a leucemia ocorra são necessárias outras mutações, que colaborem com a IL-7R para interromper o programa de diferenciação celular e fazer com que as células continuem proliferando de maneira exagerada e sobrevivendo”, esclarece o pesquisador.

A leucemia linfoide aguda (LLA) se dá pela acentuada reprodução de células B – progenitoras dos glóbulos brancos. Hoje, terapias convencionais, como a quimioterapia, são eficazes em até 90% dos casos, mas a média de cura no Brasil está entre 40% e 50% em crianças. “A leucemia desenvolvida nos camundongos se assemelha a um subtipo da doença denominado “ph-like”, que é um tipo mais agressivo de leucemia aguda grave e acomete tanto crianças quanto adultos, mas é mais frequente nos adolescentes e adultos jovens”, explica o pesquisador.

Para o levantamento, os cientistas criaram dois modelos de camundongos transgênicos, sendo o feito no Brasil mais eficaz para a realização do levantamento e a análise dos resultados. “Esse modelo experimental poderá agora ser utilizado em novos estudos sobre a doença”, diz Yunes, explicando que essas células costumam controlar a produção da IL-7R para impedir o estímulo anormal da proteína.

Após avaliar como a doença era ativada nos animais, as duas equipes fizeram um estudo de sequenciamento genômico nas células doentes para diferenciar quais genes apresentavam alterações. Também fizeram análises no exoma – parte do genoma onde há mais chance de acontecerem as mutações causadoras de doenças. “Em Portugal foram testadas algumas drogas que que inibem os efeitos moleculares da IL-7R. Foram realizados estudos com painéis de fármacos que poderão, no futuro, serem testados em animais e depois em humanos até que se comprove a sua efetividade”, afirma Yunes. “De qualquer forma, são achados importantes, pois permitem também propor o tratamento mais indicado para cada paciente a partir da identificação dessas alterações”, finaliza.

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