Nanopartículas de dióxido de titânio (TiO2) são utilizadas normalmente em tratamentos de fototerapia contra o câncer, uma vez que podem ser ativadas por luz ultravioleta (UV), gerando moléculas (radicais livres) que causam estresse oxidativo e levam as células cancerígenas à morte. No entanto, ao expor os tecidos saudáveis à luz UV, corre-se o risco de induzir mutações indesejadas nas células.
Para contornar o problema, pesquisadores do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF) desenvolveram uma nanopartícula de TiO2 decorada com grupos peróxidos – Ti(OH)4 (hidróxido de titânio IV) – que apresentou a mesma capacidade oxidativa ao ser ativada por luz visível. O material foi testado in vitro, em linhagens celulares – normais e tumorais – de camundongos.
O estudo foi descrito no artigo “Modified Titanium Dioxide as a Potential Visible-Light-Activated Photosensitizer for Bladder Cancer Treatment”, publicado no periódico científico ACS Omega.
O CDMF é um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) sediado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
“Os resultados do nosso estudo demonstraram que o Ti(OH)4 não só foi capaz de causar efeitos citotóxicos em células de tumor de bexiga, como se manteve biologicamente compatível com as células normais. Isso torna o Ti(OH)4 um potencial candidato a fármaco contra o câncer de bexiga”, explicou Thaiane Robeldo, primeira autora do estudo e integrante do CDMF.
O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Imunologia Aplicada da UFSCar, coordenado pelo docente Ricardo Carneiro Borra, e teve a colaboração do grupo liderado pelo professor Emerson Camargo. Ambos são vinculados ao CDMF.
* Com informações da Assessoria de Comunicação do CDMF