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Brasileiros desenvolvem jogo para auxiliar no tratamento do TDAH

Objetivo do jogo de videogame é treinar a habilidade cerebral responsável por barrar respostas inadequadas

Por Mariana Janjacomo
21 set 2013, 08h45

Em parceria com cientistas da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estão desenvolvendo um jogo de videogame que pode ajudar no tratamento de jovens com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). A ideia é que ao jogar, esses jovens treinem seu controle inibitório – habilidade cerebral responsável por barrar respostas inadequadas a estímulos do ambiente, geralmente prejudicada nos indivíduos com TDAH.

De acordo com Thiago Straler Rivero, psicólogo idealizador do projeto, o jogo é recomendado para crianças e adolescentes entre os oito e 14 anos de idade. “Os maiores problemas do TDAH costumam se destacar na adolescência, durante o ensino médio. Então, se conseguirmos treinar os jovens e seus controles inibitórios antes desta fase, será ótimo”, diz, em entrevista ao site de VEJA. Na adolescência, a tendência a agir por impulso é naturalmente maior, e a falta de controle inibitório pode causar problemas como o abuso de substâncias (drogas e álcool, por exemplo), sexo sem proteção e brigas.

Project Neumann – O jogo, que está em fase de testes, foi batizado de Project Neumann e foi desenvolvido para PC. O enredo é construído com heróis que ajudam o protagonista a enfrentar o maior vilão da história, o próprio TDAH. Rivero explica que o Project Neumann é metacognitivo, ou seja, busca fazer com que o jogador leve o aprendizado que fez no jogo para a vida real.

Para isso, cada fase do jogo aborda uma dificuldade apresentada pelos portadores do TDAH, como organização, planejamento e foco da atenção, além de expor os jogadores a inúmeros estímulos simultâneos – da mesma forma que na vida real. “Pedir para que as crianças afetadas pelo TDAH façam apenas atividades simples, como palavras cruzadas, não adianta muito. Na vida real, recebemos vários estímulos ao mesmo tempo, e a criança com TDAH precisa aprender a lidar com isso”, diz o psicólogo.

Em uma das fases do Project Neumann, por exemplo, uma princesa é transformada por um mago em uma bola e jogada do alto de uma torre. A fim de evitar a queda da princesa, o jogador precisa dar toques constantes na bola, para que ela continue flutuando. Simultaneamente, porém, há diversos tesouros na cena, fazendo com que o jogador decida entre salvar a princesa ou recolher os tesouros. A escolha certa e que faz avançar de nível, é claro, é salvar a princesa – ativa-se a área do cérebro responsável pela avaliação da recompensa, treinando-os a pensar nas consequências futuras de seus atos, e não apenas no imediato.

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Avaliações – Até o momento, já foram realizadas quatro pesquisas que avaliaram apenas a usabilidade do Project Neumann – analisaram aspectos como o funcionamento correto dos controles e o nível de entretenimento oferecido aos jogadores. Dessa etapa de testes, participaram cerca de 100 voluntários com idades entre dez e vinte anos.

A próxima fase de avaliações incluirá testes com grupos de faixa etária mais delimitada e com crianças autistas. A fim de assegurar que o jogo estimule as áreas cerebrais corretas para gerar os efeitos positivos desejados, os voluntários serão submetidos a ressonâncias magnéticas funcionais enquanto jogam o Project Neumann. É nesse momento que entra a colaboração com os americanos da Universidade de Duke: eles atuarão no projeto fornecendo a tecnologia necessária para que os exames sejam realizados.

Mercado – Segundo Rivero, o jogo deve ser gratuito para os jovens que sofrem com o TDAH. Haverá, no entanto, uma licença a ser cobrada apenas de médicos e terapeutas que queiram usar a ferramenta em clínica. O Project Neumann conta ainda com um mecanismo que enviará estatísticas de desempenho do jogador para um e-mail cadastrado. Assim, pais ou o psicólogo poderão acompanhar sua evolução. “A ideia é cobrar pelo envio desses dados”, afirma.

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