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Bebês de apenas 1 ano e meio são altruístas, revela estudo

Um novo trabalho mostrou que já na primeira infância crianças estão dispostas a compartilhar um alimento gostoso com estranhos em necessidade

Por Da redação
Atualizado em 19 fev 2020, 17h57 - Publicado em 19 fev 2020, 17h41

O comportamento altruísta pode começar na primeira infância, é o que mostra um estudo publicado recentemente na revista científica Scientific Reports. A pesquisa, feita pela Universidade de Washington, nos Estados Unidos, mostrou que bebês de apenas 1 ano e 7 meses de idade estão dispostos a dar um alimento saboroso a um estranho em necessidade. O comportamento se repetiu mesmo quando os bebês estavam com fome.

Os pesquisadores analisaram o comportamento de 96 crianças, de 19 meses de idade. Para testar se os bebês entregavam alimentos espontaneamente a um total estranho, os cientistas os separaram em dois grupos. Todas as crianças foram posicionadas no chão, sentadas de frente para um cientista.

Nos bebês do grupo de intervenção, o cientista mostrou um pedaço de fruta, que podia ser banana, morango, mirtilo e uva, à criança e deixou o alimento “cair” em uma bandeja posicionada ao alcance da criança, mas não do cientista. Em seguida, ele tentou ele tentou alcançá-la sem sucesso.

Já nas crianças do grupo controle, o pesquisador jogou gentilmente o pedaço de fruta na bandeja e não mostrou expressão nem tentou recuperar o fruto. O esforço demonstrado pelo cientista às crianças do primeiro grupo – o aparente desejo do adulto pela comida – pareceu desencadear uma resposta de ajuda nas crianças: mais da metade das crianças do grupo de teste pegou a fruta e a deu ao adulto, em comparação com apenas 4% das crianças no grupo controle.

Não satisfeitos, os pesquisadores decidiram ir além e verificar se esse comportamento altruísta se repetia quando as crianças  estavam com fome. Então, um segundo experimento foi realizado com um grupo diferente de bebês da mesma faixa etária.

Nesse caso, as crianças foram submetidas à mesma situação da turma anterior com o adicional do teste ter sido realizado na hora do lanche. Ou seja, quando elas deveriam estar com fome. Como esperado pelos pesquisadores, nenhuma das crianças do grupo controle desse novo experimento ofereceu a fruta ao adulto desconhecido. Surpreendentemente, 37% dos bebês do grupo de intervenção ofereceram o alimento ao pesquisador, mesmo estando com fome.

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“As crianças deste segundo estudo olharam ansiosamente para a fruta e depois a distribuíram! […] Achamos que isso captura uma espécie de versão infantil da ajuda altruísta”, disse Andrew Meltzoff, coautor do estudo.

A equipe de pesquisa também analisou se submeter as crianças à mesma situação diversas vezes mudava os resultados. E a resposta foi não. Os bebês ajudaram tão bem no primeiro teste do experimento quanto nos testes posteriores, o que mostra que as crianças não precisaram aprender a ajudar durante o estudo e não precisaram de treinamento.

Por outro lado, eles descobriram que crianças de tipos específicos de ambientes familiares eram mais propicias a ajudar. Eram crianças que tinham irmãos ou vinham de origens culturais específicas. De acordo com os pesquisadores, isso demonstra que a expressão do altruísmo infantil é maleável.

“Acreditamos que certas experiências familiares e sociais fazem a diferença, e a pesquisa contínua seria desejável para entender melhor o que maximiza a expressão do altruísmo em crianças pequenas. Se pudermos descobrir como promover o altruísmo em nossos filhos, isso poderá nos mover para uma sociedade mais solidária”, disse o pesquisador Rodolfo Cortes Barragan, líder do estudo.

Altruísmo

A ajuda altruísta é o ato de doar algo desejável, mesmo que isso tenha um custo para si mesmo. E não há evidência maior desse comportamento do que quando uma pessoa compartilha sua comida, mesmo quando está com fome.

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No reino animal, isso é raro. Primatas não humanos, como os chimpanzés, cooperam e compartilham recursos sob condições restritas. Mas não entregam espontaneamente uma comida gostosa se estiverem com fome, por exemplo. Já os humanos costumam responder às pessoas famintas, seja através de bancos de alimentos, da captação de recursos ou simplesmente dividindo seu almoço.

O objetivo dos pesquisadores da Universidade de Washington com esse estudo foi entender quando e como começa esse espírito de doação. As descobertas não apenas mostram que crianças muito novas se engajam em comportamentos altruístas, como sugere que experiências sociais precoces podem moldar esse comportamento.

A importância do cuidado e da interação social

Os bebês chegam ao mundo com equipamento genético e maturacional suficiente para se desenvolverem. Entretanto, sem o vínculo afetivo, seu amadurecimento não está completo. Segundo uma publicação recente do blog Experts na Infância da revista Saúde, o cuidado dos pais com o filho é fundamental não só para que a criança sobreviva, mas também para proporcionar a experiência de ela ser cuidada pelo outro. É a partir dessa relação que, gradativamente, a mente do bebê se constitui e permite que ele desenvolva habilidades e mecanismos necessários para lidar desafios futuros.

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