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Bebê gorduchinho? Cuidado

A OMS alerta: se nada for feito para conter o avanço da obesidade no Brasil, o preço para as próximas gerações será gigantesco

Por Monica Weinberg
14 dez 2017, 15h55

Há uma década, as organizações internacionais de saúde soaram o alerta: os indicadores de obesidade no Brasil escalavam em velocidade preocupante em todas as faixas etárias e incidiam em alto grau em crianças ainda muito pequenas. O espanto não serviu para estancar a curva. De lá para cá os números não pararam de saltar, ano a ano, a ponto de a Organização Mundial de Saúde (OMS) cravar com todas as letras, em documento recente, que o aumento da doença poderia neutralizar os expressivos ganhos na expectativa de vida registrados nos últimos tempos.

O Brasil está naquele grupo de países que vem passando por uma transição nutricional, ao lado de vizinhos da América Latina. Se antes, 40, 50 anos atrás, o principal alvo a combater era a desnutrição, agora o inimigo número 1 é a obesidade. Trata-se, em parte, de um efeito colateral do próprio desenvolvimento. “O poder de compra aumenta, as pessoas consomem mais comida, mas ainda fazem escolhas equivocadas”, diz a nutricionista Caroline Dalabona, da equipe técnica da Pastoral da Criança, cujo trabalho também mudou de acordo com as circunstâncias.

Em 1983, no início da Pastoral, a desnutrição infantil batia os 40% no Brasil e a obesidade em crianças era um problema marginal. Inverteu tudo. A desnutrição caiu para 7% e a obesidade disparou para 13%, quase o dobro. No passado, a ONG contava apenas peso e idade; atualmente a altura entrou na equação para se chegar ao Índice de Massa Corporal (IMC), sinalizador dos excessos na balança. Pais e mães são orientados a melhorar a qualidade do que vai ao prato e a manter os filhos em atividade física. Quatro vezes ao ano faz-se novo diagnóstico, para aferir a evolução.

Os estudos são categóricos em mostrar que a prevenção à doença deve começar desde a gravidez: a criança privada de nutrientes na barriga da mãe tem duas vezes mais chances de ficar obesa. Ocorre porque o organismo se adapta a uma situação de escassez, aprende a viver com pouco e se acostuma a armazenar o que recebe. “O metabolismo muda. Ele se torna mais poupador”, define o doutor em saúde pública Nelson Arns Neumann, coordenador internacional da Pastoral. Os primeiros 3 anos de vida, se passados sob déficit alimentar, são aqueles em que o metabolismo fica mais vulnerável.

Muitos fatores contribuem para o avanço da obesidade. Além da elevação da renda, há o componente genético, o modo de vida mais sedentário e a maior oferta de alimentos processados, açucarados e calóricos. Os números dão à doença escala de epidemia global. Ela está em países de todos os patamares de renda e em todas as classes sociais. Calcula-se que existam hoje no mundo 1,9 bilhão de pessoas acima do peso. E o problema se pronuncia cada vez mais cedo: 41 milhões de crianças com menos de 5 anos brigam com a balança, parte com sobrepeso, parte já na obesidade. Quanto mais obesos uma nação concentra, mais altos são os custos de manutenção da saúde pública e menores os indicadores de produtividade. Alerta vermelho.

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