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Aumentam casos diagnosticados de coqueluche. Saiba o que fazer para evitar a doença

Ciclo sazonal e melhora no diagnóstico elevaram o número de casos em SP

Por Aretha Yarak
22 set 2011, 15h00

Dados da Secretaria de Saúde do estado de São Paulo apontam que o número de casos diagnosticados de coqueluche aumentou no primeiro semestre deste ano. Até julho, os municípios paulistas notificaram 183 casos da doença – frente aos 176 casos do ano passado inteiro. De acordo com especialistas e órgãos públicos, o aumento não é (ainda) motivo para alarde. “Há a questão da sazonalidade da doença, que chega mais forte em algumas épocas, mas eu vejo esse aumento em São Paulo também como uma melhora no diagnóstico clínico”, diz Isabella Ballalai, diretora da Associação Brasileira de Imunizações (SBIm) e presidente da SBIm-RJ. A melhora no diagnóstico se deve, segundo os especialistas à implantação, em 2009, na rede pública do exame PCR em Tempo Real.

A coqueluche é uma doença causada pela bactéria Bordetella pertussis, que atinge as vias respiratórias, levando o paciente a um quadro de tosse persistente e seca. Altamente contagiosa, ela pode ser assintomática ou mesmo ser confundida com um resfriado em adultos e adolescentes. “De 20% a 30% dos adultos que têm tosse seca persistente por mais de 14 dias está com coqueluche”, diz Isabella. As pessoas que já foram imunizadas na infância, em geral sofrem com uma forma branda da doença. Por isso, normalmente, os principais afetados são as crianças pequenas.

Na forma mais agressiva da doença, que ocorre geralmente em bebês, a tosse seca e persistente é acompanhada de uma inspiração profunda com som característico – algo similar a uma curta falta de ar. Entre as possíveis complicações estão: pneumonia (que pode ser fatal); pneumotórax (colapso do pulmão); hemorragia nos olhos, na pele ou no cérebro; formação de úlceras sob a língua; inflamação cerebral, que pode causar lesões ou retardo mental, paralisia ou outros distúrbios neurológicos; e otite (infecção no ouvido).

Diagnóstico – De acordo com Jean Carlo Gorinshteyn, infectologista do Hospital Emílio Ribas, um dos motivos para o aumento do número de notificações de casos pode ter sido a melhora no diagnóstico. Isso começa na base do trabalho médico: ao falar mais da doença, o profissional pensa mais sobre ela durante a consulta e a considera como uma das causas dos sintomas. “Ainda é preciso melhorar muito a atenção dos médicos para a coqueluche. Antes, ela nem sequer era considerada como um motivo da tosse seca do paciente, por exemplo”, diz.

Com um exame chamado PCR em Tempo Real, também ficou mais fácil detectar a bactéria nas secreções nasal e da garganta. “Quando o exame é positivo, todas as pessoas que convivem com aquela criança costumam ser tratadas com antibiótico”, diz. Mas há ainda muito a avançar no diagnóstico da doença. Segundo Isabella, ainda é insuficiente o número de instalações médicas com exames sensíveis o suficiente para que a abrangência nacional seja completa. “Até na rede privada há falta desses exames para detectar a doença”, diz.

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Contágio em casa – De acordo com dados de uma pesquisa publicada no periódico médico Pediatric Infectious Disease Journal, em 2007, 83% dos bebês menores de seis meses diagnosticados com a doença foram infectados por algum parente. “Só os pais respondem por 55% dessas contaminações, sendo a mãe sozinha responsável por cerca de 30% dos casos de infecção”, diz Isabella. Isso acontece porque o período de imunização da vacina contra a coqueluche é de até 10 anos. Como as doses são tomadas na primeira infância, as pessoas mais velhas ficam novamente suscetíveis a contrair a doença – mesmo que já tenha contraído coqueluche anteriormente.

Assim, adultos não-imunizados são os principais transmissores da doença para crianças pequenas. A única maneira de prevenção é repetir a dose da vacina após o fim do período de imunização. A rede pública, no entanto, oferece apenas a vacina para crianças, em doses aplicadas com dois, quatro e seis meses de idade, com reforço aos 15 meses e entre quatro e seis anos. Para o adulto, a vacina está disponível apenas na rede privada e custa, em média, 100 reais (dose única). “É um preço considerável, mas, se você tem uma criança em casa, se convive com crianças pequenas, talvez seja algo para se levar em consideração”, diz Isabella.

Veja abaixo as principais dúvidas sobre a coqueluche:

Fonte: Associação Brasileira de Imunizações (SBIm); Isabella Ballalai, diretora da SBIm Nacional e presidente da SBIm-RJ; Jean Carlo Gorinshteyn, infectologista do Hospital Emílio Ribas; Manual Merck de Informação Médica

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