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“A pandemia mostrou como a tecnologia aproxima médicos e pacientes”

Com a experiência da Covid, a médica Galia Barkai e sua equipe de Israel usam telemedicina para oferecer ajuda médica especializada a refugiados na Ucrânia

Por André Sollitto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 mar 2022, 08h37 - Publicado em 29 mar 2022, 07h00

Em crises humanitárias como a que acontece agora na Ucrânia, qualquer ajuda médica é importante para oferecer primeiros socorros a quem precisa. Mas uma iniciativa do governo de Israel está usando a tecnologia para levar o conhecimento de profissionais sem a necessidade de tê-los no local.

Em parceria com o Centro Médico Sheba, o governo israelense enviou uma missão para a Ucrânia. Um hospital de campanha foi instalado ao lado de uma escola na cidade de Mostyska, perto de Lviv, e uma equipe de sessenta profissionais, incluindo pediatras e obstetras, foi designada para oferecer ajuda. Na bagagem, eles levaram gadgets eletrônicos que tornam o atendimento remoto mais assertivo.

Em entrevista, a médica Galia Barkai, chefe do departamento Sheba Beyond, divisão do hospital que cuida das iniciativas de telemedicina, fala sobre a abordagem da equipe, as necessidades principais dos refugiados ucranianos e como a experiência pode ajudá-los em outras missões futuras.

De que maneira a tecnologia está ajudando a tratar os pacientes que chegam ao hospital de campanha?
Nossa missão tem três objetivos principais. Um deles é conectar especialistas de Israel que mesmo fisicamente distantes podem continuar nos apoiando com sua expertise. O segundo objetivo é usar a tecnologia que temos para ajudar a ação aqui dentro do hospital de campanha. E o terceiro é treinar os médicos locais a usar esses novos equipamentos tecnológicos, tanto para que eles continuem atendendo seus pacientes quanto para nos ajudar a gerar informações relevantes. 

Os gadgets tecnológicos já vinham sendo usados em Israel?
Sim. Além dos equipamentos para videochamadas, trouxemos dispositivos como o TytoCare, que permite que você acople partes para usá-lo como um estetoscópio, por exemplo. Eles já vinham sendo usados em Israel. E também foram levados para a Moldávia, onde atendemos alguns dos refugiados ucranianos. Lá eles foram muito importantes, pois não tínhamos muitos especialistas disponíveis. 

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Quais são as necessidades médicas mais urgentes das pessoas que buscam ajuda?
Muitos dos nossos pacientes estão sofrendo com uma deterioração da saúde por não terem um sistema de atendimento médico funcionando normalmente no momento. Muitos médicos e enfermeiras deixaram o país e as clínicas foram fechadas. Então, vemos o agravamento de doenças crônicas, especialmente entre os idosos. Hipertensão, diabetes, índices descontrolados. Outros saíram rapidamente de casa e não levaram todos os medicamentos. Tivemos uma operação de apendicite, atendemos um paciente com infarto. Ocorrências mais comuns.

A Covid-19 é uma preocupação no momento?
Sei que tivemos diversos casos de Covid-19 na região, incluindo alguns casos entre a nossa delegação de Israel. Mas as pessoas daqui não estão preocupadas com isso. Elas têm preocupações maiores no momento. Não vimos pacientes com casos severos de Covid chegando ao hospital em busca de tratamento. E testamos toda a equipe médica desde que chegamos e todos os testes deram negativo.

A médica Galia Barkai, à frente do hospital virtual Sheba Beyond, diz que a pandemia trouxe ensinamentos importantes sobre o que a telemedicina pode oferecer aos pacientes -
A médica Galia Barkai, à frente do hospital virtual Sheba Beyond, diz que a pandemia trouxe ensinamentos importantes sobre o que a telemedicina pode oferecer aos pacientes – (Sheba Beyond/Reprodução)

A pandemia ajudou a ampliar a aceitação dos serviços de telemedicina?
Com certeza. Conversei com alguns médicos ucranianos sobre como a pandemia de fato ajudou a ampliar o conhecimento das pessoas sobre a telemedicina. Às vezes, desastres como esse acabam criando oportunidades. Precisamos nos juntar e aprender com a situação que se apresenta. Com a pandemia, nós aprendemos muito sobre a tecnologia, o mundo aprendeu mais sobre telemedicina e até a legislação acompanhou as mudanças. Para muitos, ficou claro como a tecnologia poderia aproximar médicos e pacientes, sem expor nenhum deles a riscos.

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Vocês também estão oferecendo atendimento de saúde mental para quem busca ajuda no hospital de campanha?

Sim, temos um psiquiatra e uma assistente social, e ambos estão muito ocupados. Não apenas a ansiedade e a depressão, mas já internamos uma garota com um surto psicótico. Nossa assistente social trouxe óculos de realidade virtual para ajudar no tratamento de episódios de ansiedade. Falamos mais cedo sobre o uso da telemedicina. E psiquiatras e psicólogos foram pioneiros em adotar essa tecnologia para atender seus pacientes, e não apenas no Sheba.

O que a experiência dessa missão humanitária está ensinando?
Vemos muitas histórias tristes. Pessoas abandonaram suas casas e precisaram fugir, negligenciando a própria saúde no processo. E acredito que eles precisam de nós e reconhecem a ajuda que oferecemos. Queremos levar conhecimento médico de alta qualidade, e fazer isso com compaixão. E com a experiência que agora temos, percebemos que a capacidade de trazer mais especialidades para o campo por meio da tecnologia é extremamente importante.

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