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Uma emoção real

Duas décadas após a morte de Diana, os príncipes William e Harry falam em um filme sobre a perda da mãe, até hoje a mulher que mais inspira os britânicos

Por Luiza Queiroz
Atualizado em 29 jul 2017, 06h00 - Publicado em 29 jul 2017, 06h00

Apesar de amarem as fofocas e os tabloides sensacionalistas, os ingleses não estão acostumados com membros da família real falando abertamente de seus sentimentos pessoais. Muitos reprovam qualquer confissão íntima em público, em nome do decoro real. Na semana passada, eles se surpreenderam com os depoimentos dos príncipes William e Harry sobre a morte da mãe, Diana, princesa de Gales, em um acidente de carro em Paris, em 31 de agosto de 1997 — há vinte anos, portanto. Ainda que nada do que disseram seja de fato chocante, o fato em si é notícia. Tal sinceridade, mesmo que duas décadas depois, pode ter sido um resquício da influência da mãe sobre os dois. “Foi um alívio ver a honestidade dos príncipes William e Harry ao falar da mãe deles e de sua morte. A maior mudança que Diana trouxe aos membros da monarquia foi poder expressar abertamente seus sentimentos”, registra o historiador inglês Denis Judd.

No documentário do canal britânico ITV Diana, Nossa Mãe: Sua Vida e Legado, os príncipes contam que ela entrava com eles de fininho no cinema e os levava para passear de carro ao som new age da cantora e compositora irlandesa Enya. Também comentam o último telefonema que receberam de Diana, quando os dois estavam de férias no castelo Balmoral, na Escócia. “Harry e eu estávamos com pressa para desligar, para dizer ‘vejo você mais tarde’. Se eu soubesse o que ia acontecer, não teria sido tão blasé. Esse telefonema não sai da minha mente”, disse William, que tinha 15 anos. Harry, então com 12 anos, foi mais falante. “Eu era tão jovem que cresci achando que não ter uma mãe era algo normal. Fui um caso clássico de alguém que não queria pensar na mãe, no luto e na dor que vêm junto”, afirmou.

Harry hoje segue a inclinação da mãe pelas causas sociais. Nos anos 1980, Diana ajudou em campanhas contra o preconceito em relação a pacientes com aids. Em 1991, na Febem, em São Paulo, pegou no colo um bebê infectado. Ela também fez uma campanha global contra as minas terrestres. Continua sendo lembrada por essas atitudes, ainda que não tenha sido a primeira a defender tais causas. À medida que perdeu poder de fato, a monarquia britânica concentrou­-se em tornar-se um símbolo da estabilidade do sistema político do país e das boas ações. “Nos últimos 200 anos, a Coroa trocou poder por influência, dedicando-­se mais a questões sociais”, diz Franklyn Prochaska, historiador da Universidade de Oxford.

No ano passado, Diana foi eleita, em uma pesquisa de opinião, a mulher que mais inspira os ingleses. A monarquia também conta com um apoio confortável. A rainha Elizabeth II, com 91 anos, é respaldada por 80% da população. Charles, o príncipe herdeiro, já não é tão querido assim. “Atualmente, a monarquia tem apoio, mas isso pode mudar quando a rainha morrer”, diz a historiadora Anna Whitelock, da Universidade de Londres. Reavivar a memória de Diana é uma boa estratégia contra esse risco.

Publicado em VEJA de 2 de agosto de 2017, edição nº 2541

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