Miguel Leão, no interior do Piauí, tem 1 516 eleitores e menos de 100 quilômetros quadrados. Apesar do tamanho da cidade, a política por ali não difere muito da dos grandes centros. Em 2016, o prefeito Joel de Lima, aliado do governador petista Wellington Dias, foi reeleito com 53% dos votos. Um ano depois, seu mandato foi cassado pela Justiça. Motivo: o então candidato participara da inauguração de uma obra pública durante a campanha, o que é proibido. No domingo 6, os leoninos voltaram às urnas para escolher o novo alcaide, entre Roberto César, do PR, candidato de oposição, e o petista Jailson de Sousa, que contou com a ajuda de um cabo eleitoral poderoso: Luiz Inácio Lula da Silva, que, no pleito presidencial de 2006, levou 87% dos votos no município.
O apoio de Lula era considerado decisivo, e o ex-presidente até se empenhou. Num vídeo de trinta segundos enviado ao celular dos moradores da cidade, Lula fez um apelo aos eleitores: “O Jailson é do PT, e você sabe que o PT sabe governar o Brasil, sabe governar Miguel Leão. Por isso, no domingo, não se esqueça, vote em Jailson”. Abertas as urnas, a surpresa: o petista Jailson, o favorito, perdeu. “As pessoas sabem que Lula não é mais o santo que elas imaginavam”, comemorou Roberto César, o vitorioso. Foi o primeiro teste da força eleitoral de Lula depois de sua condenação à prisão. E o resultado não se mostrou muito animador. Para ele.
Publicado em VEJA de 16 de agosto de 2017, edição nº 2543