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Silêncio incômodo

Bolsonaro não informou a data nem o motivo do empréstimo, nem por que um funcionário que movimenta mais de 1 milhão precisa pedir uma quantia tão modesta

Por Da Redação Atualizado em 14 dez 2018, 13h36 - Publicado em 14 dez 2018, 07h00

O presidente eleito Jair Bolsonaro e seus filhos estão vivendo um momento petista desde que veio a público, em reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, que o motorista de Flavio Bolsonaro movimentou 1,2 milhão de reais em sua conta no período de um ano — quantia que o Coaf, órgão que vigia as transações bancárias, considerou incompatível com a renda do correntista. Para complicar, soube-se ainda que o motorista fez uma transferência de 24 000 reais à futura primeira-dama, Michelle.

O momento petista começou quando o presidente eleito, na orla do Rio de Janeiro, disse aos repórteres que os 24 000 eram o pagamento de um empréstimo que ele fizera ao motorista. “Ninguém recebe ou dá dinheiro sujo com cheque nominal, meu Deus do céu”, completou. Surpreendentemente, considerou que tal declaração era uma explicação perfeita e acabada para o caso. Bolsonaro não informou a data do empréstimo, nem o motivo do empréstimo, nem por que um funcionário que movimenta mais de 1 milhão precisa pedir uma quantia tão modesta — e ainda recorre, como mostra reportagem nesta edição, ao financiamento de 80% de um imóvel de pouco mais de 350 000 reais. Seu filho Flavio Bolsonaro disse que falou com o motorista e dele ouviu uma “história bastante plausível”, mas deu-se ao direito de não esclarecer no que consiste a “história”.

Aparentemente, se houvesse uma explicação simples e insuspeita, seria desnecessário comportar-se com evasivas e, em seguida, mergulhar num silêncio incômodo. O caseiro do ex-ministro Antonio Palocci, quando foi acusado levianamente de ter sido subornado para delatar o patrão, não demorou nem um dia para explicar, tim-tim por tim­­-tim, a origem do dinheiro em sua conta, como lembra a colunista Dora Kramer .

O silêncio dos Bolsonaro, aliado ao do próprio motorista, é particularmente incômodo porque o presidente eleito, durante a campanha, ergueu com verve e garbo a bandeira da moralidade e do combate à corrupção. Nesse mundo de zelo ético, não cabem contas-correntes com dinheiro excessivo, depósitos suspeitos e saques em série.

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Até aqui, ninguém tem o direito de acusar o presidente eleito ou seu filho de qualquer malfeito. Mas a falta de uma explicação decente começa a minar a confiança do eleitor que acreditou naquelas palavras de lisura e honestidade, que prometiam enterrar os desmandos da era PT.

Publicado em VEJA de 19 de dezembro de 2018, edição nº 2613

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