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Quantos petaflops nós temos?

Trump quer mudar o arco da história; e o Brasil mal entrou nela

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 29 jun 2018, 06h00 - Publicado em 29 jun 2018, 06h00

Podem chamar de pôquer, xadrez chinês ou roleta americana. Um dos mais emocionantes espetáculos do planeta no momento não está na Rússia da Copa do Mundo, mas nos lances entre Donald Trump e Xi Jinping. É um jogo de gente grande. Em disputa, a hegemonia global. A China, como potência ascendente, teve seu meticuloso e disciplinado planejamento de longo prazo, pelo qual se instalaria no ápice já na próxima década, subitamente bagunçado por um presidente americano que não liga a mínima para precedentes históricos e resolveu dizer no, no, no. Os chineses, de forma geral, estão preparados para muita coisa, mas não para a tática deliberadamente anárquica de Trump. “Não sabemos o que ele quer”, reclamam diante dos blefes trumpianos. Os mais assustadiços acham que o livre-­comércio está ameaçado pelas tarifas disparadas pelo cachorro louco de Trump, Peter Navarro, convocado para a briga justamente por causa do tamanho dos dentes — é autor de um livro com título autodeclaratório e intraduzível: Death by China. Subtítulo: “Enfrentando o Dragão”. Espionagem, roubo de propriedade intelectual e subsídios usados como armas de destruição em massa de empregos industriais nos países dos outros são o que a China entende como livre-comércio e fazem do Império do Meio “o mais eficiente assassino”, diz ele.

Mais do que as mordidas de Navarro, a grande arma de Trump é o próprio sucesso da China como potência exportadora. O oceano de produtos despejados nos Estados Unidos corresponde a 4% do PIB chinês. No sentido contrário, as exportações americanas para a China equivalem a 0,7%. Quem tem as melhores cartas?

E onde vai dar tudo isso? A agressiva política de confronto no comércio — entre rapapés mil no trato de presidente para presidente — provocou até uma denominação chique. A “cilada de Tucídides” é uma expressão criada por Graham Allison, que foi professor de ciências políticas na Harvard, para designar a inevitabilidade da guerra entre uma potência estabelecida e uma ascendente. Ao mesmo tempo historiador e participante dos episódios que relatou na História da Guerra do Peloponeso, Tucídides famosamente resumiu assim os trinta anos de conflitos de gregos contra gregos: “A ascensão de Atenas e o medo que isso despertou em Esparta tornaram a guerra inevitável”. O historiador Donald Kagan definiu a guerra travada há 2 400 anos como “um evento trágico, uma grande guinada na história, o fim de uma era de progresso, prosperidade, confiança e esperança, e o começo de tempos mais sombrios”.

O voluntarismo de Trump pode mudar o rumo da história? Inúmeros dados podem ser usados para argumentos dos dois lados. Vamos escolher um: na lista dos 500 supercomputadores mais poderosos do planeta, a China tem 202 e os Estados Unidos, 143. O Summit, que entrou em atividade no começo de junho, devolveu o primeiro lugar aos americanos. Tem 200 petaflops, o equivalente a inimagináveis 200 quatrilhões de operações matemáticas por segundo.

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É inevitável perguntar qual a posição do Brasil. O Santos Dumont, comprado de uma multinacional francesa, tem 1,1 petaflop. Vive ameaçado de ser desligado por falta de pagamento da conta de luz. E caímos fora da lista.

Publicado em VEJA de 4 de julho de 2018, edição nº 2589

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