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O realismo político

O presidente deve ter entendido que sair do Acordo de Paris traria mais desvantagens do que vantagens para o Brasil. Por ora

Por Da Redação Atualizado em 25 jan 2019, 07h00 - Publicado em 25 jan 2019, 07h00

O presidente Jair Bolsonaro não vai civilizar o mundo, mas o mundo pode civilizar Bolsonaro. Em sua estreia num palco internacional, ele fez um discurso curto, não arrancou nem aplausos nem vaias, mas deu uma declaração relevante em encontro posterior com empresários estrangeiros reunidos no Fórum Econômico Mundial, em Davos. Questionado sobre a posição brasileira em relação à mudança climática, Bolsonaro disse que o Brasil vai continuar no Acordo de Paris, o pacto que reúne 195 países comprometidos em conter o aumento da temperatura no planeta. Depois, aos jornalistas, acrescentou: “Por ora, será mantido”.

O anúncio — mesmo reticente — é duplamente positivo. Primeiro, o planeta agradece. A reafirmação do compromisso brasileiro nesse campo, no qual o país sempre foi um ator importante, é motivo de otimismo. Mantém o Brasil alinhado à comunidade internacional no que diz respeito à preservação ambiental e tira um pouco da energia de certos arreganhos isolacionistas que surgem dentro do governo. Afinal, a própria chancelaria, comandada por Ernesto Araújo, dá sinais de que confunde, talvez propositadamente, “acordos internacionais” com “violação de soberania”.

O segundo aspecto positivo do anúncio está na possibilidade de que Bolsonaro seja mais permeável ao realismo político do que sugere seu discurso sempre tão carregado de ideologia. Como o Acordo de Paris continua sendo hoje exatamente o que era na campanha eleitoral, não tendo sido modificada uma vírgula sequer, a única coisa que explica a mudança de posição de Bolsonaro é um certo pragmatismo. Em um cálculo que não requer maiores ginásticas mentais, o presidente deve ter entendido que sair do Acordo de Paris traria mais desvantagens do que vantagens para o Brasil. Por ora.

É um sinal de maturidade que o convívio com o mundo lá fora costuma produzir. Bolsonaro vai precisar disso para lidar com a China, por exemplo. Ou com a Arábia Saudita, que acaba de suspender parcialmente a importação de frango em protesto, ao que parece, contra a anunciada transferência da embaixada brasileira em Israel para Jerusalém.

Publicado em VEJA de 30 de janeiro de 2019, edição nº 2619

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