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O pior já passou

A saída da quarentena pressupõe mudança de rotinas e zelo; os números indicam que é possível sentir alguns sinais de alívio na crise do coronavírus

Por Da Redação 11 set 2020, 06h00

Nada nos fará esquecer, hoje e no futuro, das mais de 128 000 mortes no Brasil em decorrência da Covid-19, retrato de tragédias individuais e trauma coletivo. Nada, também, será capaz de alterar a constrangedora situação brasileira, a de segundo país no mundo com mais óbitos, atrás apenas dos Estados Unidos. Mas passados seis meses da primeira fatalidade no Brasil, em 17 de março, seis longos meses, finalmente se pode constatar e sentir alguns sinais de alívio. Ancorando-se na estatística, e com toda a cautela necessária, é possível dizer que o pior já passou. Terríveis cenas como as de cemitérios superlotados em Manaus, que rodaram o mundo em meados de maio, ficaram definitivamente para trás.

Desde 12 de agosto, a média de mortes no país baixou da assustadora marca de 1 000 por dia — está na ordem de 700 a 800, ainda inaceitável, mas a caminho de uma evidente e tão desejada desaceleração. No sábado 5, o país registrou pela primeira vez queda real no número de mortes diárias causadas pelo novo coronavírus — a variação negativa foi de 18%. Os epidemiologistas trabalham com redução na casa dos 15%, ao longo de duas semanas, para considerar o movimento consistente.

Apesar da permanente postura irresponsável de muitas autoridades, que insistiram em sobrepor a política aos bons conselhos de saúde pública, apesar da atávica tentativa de levar ideologia aos laboratórios, como se um remédio ou uma vacina pudessem ser de esquerda ou de direita, há, enfim, um raio de esperança. Deu-se a tão aguardada virada porque boa parte da população se manteve em confinamento rigoroso, o uso de máscara virou hábito, para além da obrigatoriedade legal, e a medicina já sabe tratar com mais precisão os casos graves de Covid-19, como mostra a reportagem que se inicia na página 40. Agora, as pessoas começam a sair de casa, por imposição econômica e por algum fastio, natural e esperado, apoiadas em informações reais, ao observar as curvas e se atualizar, cuidadosamente, pela imprensa profissional.

Convém ressaltar que a saída da quarentena pressupõe mudança de rotinas e zelo — o home office parece fazer parte indelével do “novo normal”, o retorno às aulas presenciais exigirá cuidado exponencial e as aglomerações ainda são sobejamente desaconselhadas. E, reafirme-se, nada poderá ser feito sem o amparo da ciência, no avesso do achismo. Nesse aspecto, o pequeno revés de uma das vacinas, a da Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, cujos testes foram suspensos depois de um único caso de efeitos adversos, carrega uma boa lição. É dessa maneira que funciona a ciência. Com responsabilidade, com base em protocolos e medidas de segurança, dá-se um passo atrás para que se deem dezenas de outros à frente. E assim, na expectativa da descoberta de uma imunização eficiente, que certamente virá, caminha a humanidade.

Publicado em VEJA de 16 de setembro de 2020, edição nº 2704

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